quinta-feira, 18 de junho de 2020

O Rei Salomão, a Arca da Aliança e a Rainha de Sabá



O Rei Salomão, a Arca da Aliança e a Rainha de Sabá:

O Rei Salomão foi visitado pela Rainha de Sabá em 950 a.C. aproximadamente. Segundo alguns historiadores, a mãe de Salomão, Betsabá, era descendente de judeus negros, e Salomão também tinha, nas suas veias, um pouco de sangue negro. Talvez tenha sido este um dos motivos que levou Salomão a ser tão influenciado por esta jovem negra, rica e virgem, como era a Rainha Makeda, do Reino de Sabá!
Mas Salomão, apesar de ser um monarca astuto, de boa aparência, galanteador, e com um harém que tinha muitas concubinas, viu naquela jovem muito mais do que uma amiga em quem podia confiar! Na verdade ele achou ela muito inteligente e também gostou muito dela! Gostou tanto que acabou seduzindo e desvirginando a jovem Makeda!
A Rainha Makeda ficou morando cerca de seis meses na corte de Salomão, em Jerusalém. Durante este período, os dois se amaram muito e Makeda acabou ficando grávida de Salomão! Mas, tanto Makeda quanto Salomão, possuiam os seus reinos para administrar e, assim, ela teve que voltar para o seu Reino de Sabá. Quem sabe, por causa dos seus deveres como monarca e também porque as obrigações políticas não permitiram mais a sua permanência em Jerusalém, na companhia do rei dos hebreus.
Esta aliança de Jerusalém com o Reino de Sabá foi muito vantajosa para Salomão, pois permitiu um intenso comércio de mercadorias entre as duas regiões, através de caravanas, que cruzavam o grande Deserto da Arábia, e também através de navios fretados, que cruzavam o Mar Vermelho. Esta aliança, entre Salomão e Makeda, deu bons frutos e resultou no nascimento de um filho, chamado Menelik.
O Príncipe Menelik, filho de Salomão e de Makeda, quando atingiu a sua maioridade, foi visitar o seu pai em Jerusalém, pois este já estava perto de morrer. Seu pai lhe confiou a guarda da Arca da Aliança, que continha a Tábua dos Dez Mandamentos, e ele a trouxe, para ficar na Etiópia, onde foi o criador e o primeiro imperador da Dinastia Salomônica, que começou aproximadamente em 930 a.C, e foi até 1974 d.C.
Até hoje Aksum é a cidade mais sagrada da Etiópia, onde fica a Igreja da Arca da Aliança, e onde os religiosos dizem estar guardada a Arca e também as duas Tábuas dos Dez Mandamentos!
A Arca da Aliança era um tipo de baú de madeira de acácia, quadrada, forrada de ouro por dentro e por fora, e com quatro argolas externas de ouro, para o seu transporte. Dentro da arca o patriarca Moisés guardava as duas Tábuas da Lei, uma parte do cajado do seu irmão Aarão, e um vaso com um misterioso alimento chamado “Maná”.
O maná é apenas a seiva que brota da árvore do tamarisco, (tamarix mannífera), do Deserto do Sinai, rica em tanino. Esta seiva é proveniente das pequenas gotas brancas e peroladas que o arbusto desprende durante a estação das chuvas, e que se ressecam durante a noite fria, e depois caem no chão. Esta seiva é recolhida, depois é moída e cozida, até se transformar num líquido adocicado, semelhante ao mel, que é usado para fazer bolos e bolachas. Os beduínos do deserto apreciam muito este alimento e o chamam de “pão do céu”, um verdadeiro maná!
Quanto ao cajado de Aarão, este era um símbolo da autoridade do irmão mais velho de Moisés, que era o sumo sacerdote dos judeus. Era Aarão quem se pronunciava em nome de Moisés, uma vez que este tinha problemas de fala e de dicção!
Os religiosos dizem que Aarão morreu com 123 anos, mas o seu cajado floresceu quando foi colocado dentro da Arca da Aliança! Será que o “tal cajado” também era feito da madeira da acácia, assim como a arca? Talvez o cajado de Aarão fosse feito da madeira do tamarisco, a primeira árvore que ele plantou quando chegou nas margens do Rio Jordão, depois de vagar 40 anos pelo Deserto do Sinai em busca de Canaã, a “terra prometida”.
Na tampa da Arca da Aliança, também chamada de Propiciatório, ficavam dois anjos (querubins) de ouro, tocando a ponta das suas asas e, no meio dos quais, a “Shekiná” se fazia presente. Shekiná é a Energia Cósmica de Deus, que habita no interior do Universo, sendo a sua alma, ou o Espírito de Deus! Esta Energia Cósmica de Deus pôde vir coabitar no meio dos homens, através da construção da arca, segundo um modelo de construção que foi “revelado” para Moisés, pelo próprio Deus, durante o seu retiro no Monte Sinai!
Segundo as escrituras, quando Moisés fez o seu retiro de quarenta dias, no Monte Sinai, ele se encontrou com Deus, que lhe apareceu no meio de uma sarça ardente! A sarça é um arbusto da família da acácia, árvore existente em muitos lugares do mundo. No nordeste do Brasil existe um tipo de bebida feita com a casca da raiz da Acácia Jurema, também chamada de Jurema Sagrada, e que possui propriedades alucinógenas. Ela é utilizada em muitos cultos das divindades indígenas, porque é capaz de produzir sonhos adivinhatórios! 
Será que Moisés, lá no alto do Monte Sinai, andou preparando também algum tipo de bebida alucinógena, da raiz da sarça sagrada, e que lhe fez entrar em contato com as “divindades sagradas”? Não sabemos, apenas podemos supor.
Salomão foi um dos encarregados de guardar e preservar a Arca da Aliança e, antes de morrer, passou este encargo para o seu filho Menelik. A Arca da Aliança já tinha sido levada para muitas batalhas que o povo hebreu disputou para a conquista do seu reino. A sua simples presença dava mais motivação para as tropas lutarem! Como Salomão também gostava muito do seu filho Menelik, quis dar para ele um objeto sagrado que o ajudasse a enfrentar, com muita fé, os inimigos do reino que ele queria formar na região da Abissínia, na África.
Alguns místicos comentam que a arca era, na verdade, um tipo de arma que o exército hebreu sabia utilizar quando era preciso. No meio dos dois querubins de ouro, aparecia a Energia Cósmica de Deus, um tipo de raio de luz cósmica que dava mais ânimo para as tropas hebraicas combaterem. Na verdade, a tampa da arca foi construída para ser “o trono de Deus”, e o lugar onde a Energia Cósmica podia se manifestar para os seres humanos!

Outros místicos afirmam que era sobre a tampa da arca que Moisés acendia as velas do candelabro de sete braços, chamado Memorá, ou “lâmpada sagrada”, que hoje é o símbolo do Estado de Israel. Os místicos especulam ainda que Moisés descobriu algum tipo de bateria, que ficava guardada no interior da arca, e que lhe permitia acender uma lâmpada em cima da tampa! Se Moisés acendia ou não algum tipo de lâmpada, ou raio, em cima da tampa da Arca da Aliança, eu não sei, mas, o que realmente nos interessa é que esta luz simbolizava a Energia Cósmica de Deus, que está presente por todo o Universo!
Os monarcas axumitas, da Etiópia, (do antigo Reino de Axum, ou Akxum), acreditavam serem descendentes de Salomão e de Makeda, a Rainha de Sabá! Depois da morte da rainha de Sabá, seu filho Menelik, quando estava com cerca de 20 anos, criou a Dinastia Salomônica, que governou o país por quase 3.000 anos e 225 gerações, só terminando em 1974! 
Assim, Menelik soube honrar os seus pais, e se proclamou imperador, com o nome de Menelik I. Com a morte do Imperador da Etiópia, Haile Selassie, em 1974, esta longa Dinastia Salomônica chegou ao seu final.

Akxum tornou-se mais rica a partir de 350 d.C, quando passou a controlar a navegação pelo chamado “Chifre da África”, uma estratégica parte da Abissínia, no Mar Vermelho, que se aproxima muito do país Yêmen, no sul da Península Arábica. Naquela época o nível do mar era mais baixo e a travessia para o Yêmen era bem mais fácil. Um dos maiores monarcas axumitas foi Ezana, que cunhou a primeira moeda da África e adotou a religião cristã. A Abissínia criou o seu próprio alfabeto, que foi chamado de ge’es, e que ainda é falado naquela região!
O Reino de Sabá realmente existiu, e ficava no sul da Península Arábica, onde hoje se encontra o Yêmen. A capital ficava na cidade de Marib, perto de onde foi recentemente encontrado o palácio da Rainha de Sabá, ou seja, o Templo de Bilkis, como ela era conhecida entre os islamitas. Outro palácio, construído por Menelik I, foi encontrado, em 2008, por uma equipe de arqueólogos alemães, da Universidade de Hamburgo, em Aksum-Dungur, na Etiópia.

Parece que a rainha de Sabá preferiu ficar no Yêmen, perto da cidade de Marib, onde tinha o seu palácio e era conhecida como Bilkis, controlando o comercio de incenso, mirra, perfumes e outras especiarias que valiam muito.  Na imagem ao lado vemos uma foto da cidade antiga de Marib, onde viveu a Rainha Makeda. Seu filho, o Príncipe Menelik, se transferiu para a Etiópia, do outro lado do Mar Vermelho, onde se transformou no primeiro imperador daquelas terras africanas, levando consigo a Arca da Aliança.
Quanto ao Rei Salomão, este reinou durante 40 anos e foi um rei sábio. Visitou algumas vezes a cidade de Marib, e a sua companheira favorita, a Rainha de Sabá. Teve muitas esposas e concubinas, algumas das quais ele ganhou de outros reis, como presente. Salomão morreu aproximadamente no ano de 931 antes de Cristo.
A cidade de Marib fica à cerca de 2.500 quilômetros de Jerusalém, e o Rei Salomão, quando viajava em caravana para Medina, na Arábia, para realizar os seus negócios comerciais, sempre dava um jeito de ir visitar a Rainha Bilkis e o seu filho Menelik, em Marib, no Reino de Sabá, onde hoje fica o Yêmen.

Na imagem ao lado podemos ver a localização da cidade de Marib, onde vivia a Rainha de Saba.
Alguns místicos afirmam que o Rei Salomão tinha um tapete voador, ou uma “máquina voadora”, com a qual percorria a distância de Medina até Marib em apenas um dia! Na verdade, Salomão foi uma das figuras mais carismáticas da história da humanidade e, dizem as lendas, que ele chegou a ter um harém com 700 esposas e 300 concubinas! Se uma mulher já é complicado, imaginem ter que dar conta e cuidar de 1.000 mulheres!
O Rei Salomão construiu um famoso templo, a pedido do seu pai, o Rei Davi, no qual ficava guardada a Arca da Aliança. Era o Templo de Jerusalém, (também chamado Templo de Salomão). Ele foi auxiliado nesta construção pelo Rei Hirão I, rei da cidade fenícia de Tiro, que lhe arranjou a madeira e alguns trabalhadores fenícios especializados e conhecedores dos segredos das artes da construção. Estes segredos construtivos foram passados para os trabalhadores hebreus que mais se destacaram, e também para outros trabalhadores mais esforçados, que vieram de outras regiões do Oriente. Como chefe dos trabalhadores fenícios o Rei Hirão designou Hiram Abiff, um mestre arquiteto, filho de uma viúva de Tiro.

O mestre Hiram separou os trabalhadores do Templo de Salomão, segundo os seus graus de capacidades e conhecimentos, dividindo-os em aprendizes, companheiros e mestres. Segundo alguns historiadores, a construção do templo demorou cerca de sete anos, e empregou cerca de 80.000 trabalhadores!
Quando os Cavaleiros Medievais Cruzados tomaram a cidade de Jerusalém, no ano de 1.099, eles receberam a permissão para escavar os escombros do que restou das ruínas e alicerces do Templo de Salomão. Lá eles encontraram documentos antigos, que foram traduzidos, e continham os segredos de como se manifestava a Energia Cósmica de Deus, e de como foi organizada a construção do Templo de Salomão, que abrigava tal energia divina.

De posse dos documentos e outros segredos encontrados na região do Templo de Salomão, estes cavaleiros resolveram criar a Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ou simplesmente Cavaleiros Templários que, segundo alguns historiados, foi uma das origens da atual Ordem da Maçonaria, que também guarda alguns segredos daquela época... Os Cavaleiros Templários passaram a ajudar os peregrinos que vinham para Jerusalém e, com o tempo, tornam-se muito poderosos e influentes. Quando voltaram para a Europa formaram uma rica organização que emprestava dinheiro até para os reis.
Mais tarde, o Mestre Arquiteto Hiram Abiff, chefe dos trabalhadores fenícios, foi assassinado por três trabalhadores do Templo de Jerusalém, que provavelmente queriam que ele lhes revelasse os segredos lá existentes ou, quem sabe, lhes desse uma cópia da chave da porta do Templo de Salomão, para que eles pudessem roubar os segredos e também o ouro lá existente!
Os abissínios, que viviam onde hoje fica a Etiópia, tinham uma civilização muito importante! Muitos historiadores acreditam que nas montanhas da Etiópia ficava o lendário “País de Ofir”, e as famosas Minas do Rei Salomão! A verdade é que nas montanhas da Etiópia existem, até hoje, muitos minérios e pedras preciosas, as quais Makeda, a Rainha do Reino de Saba, e mãe do Imperador Melelik I, muito admirava!

Vamos entender agora o que de fato se passou naquela época: a Etiópia se chamava antigamente Abissínia e, conforme já sabemos, a Rainha de Sabá teve um filho com o Rei Salomão, chamado Menelik, que fundou o Reino de Akxum, na Abissínia. Este reino deu origem, mais tarde, no século II d.C, à poderosa cidade de Aksum. Aksum foi a capital do Reino de Akxum, um dos Estados mais poderosos desta rica região africana, entre os séculos I e XIII. Portanto, durante 12 séculos! Outras duas cidades muito importantes e prósperas deste reino foram Adunis e Matara.
O Reino de Akxum, fundado por Menelik, filho do Rei Salomão, ficava numa região muito estratégica, entre o Império Romano do Oriente e a Pérsia, e exerceu o seu domínio sobre quase todo o Chifre da África, controlando a navegação pelo Mar Vermelho, durante muitos séculos. 
E assim termina a história do amor do Rei Salomão por Makeda, uma rainha do sul da Península Arábica. Gostaram?



quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A República de Libertália



                                       A República de Libertália:

A Ilha de Madagascar fica no Oceano Índico, na costa Oriental da África, sendo considerada uma das maiores ilhas marítimas do mundo! Ela também possui uma rica tradição cultural, que vem desde a época em que recebeu os primeiros colonos malaio-polinésios, procedentes do Oceano Pacífico, à cerca de 2.000 anos atrás! Eles introduziram na ilha o cultivo da banana, do coco, da fruta-pão, do arroz, da cana-de-açúcar, do inhame, etc. Estas culturas agrícolas se espalharam depois pelo resto do continente africano.
A partir do século X, começaram a aparecer em Madagascar os comerciantes árabes, que batizaram a ilha de “Jazeera al Gamar”, que significa “Ilha da Lua”. Em 1500 chegaram os portugueses, comandados pelo navegador Diogo Dias, que rebatizou a ilha como Ilha de São Lourenço.
Durante os séculos XVI e XVII Madagascar serviu de refúgio para muitos piratas que encontraram ali, e em outras pequenas ilhas do norte de Madagascar, hoje conhecidas como Arquipélago das Comores e Arquipélago das Seychelles, um paraíso para o seu descanso e refúgio!

Na Ilha de Sainte Marie, na costa nordeste de Madagascar, se refugiaram alguns dos piratas mais famosos daquela época, como William Kidd, John Avery, Thomas Tew, Christophe Condent, Oliver Vasseur e o pirata inglês Adam Baldridge.
Em 1625 foi Criado o Reino de Merino, que unificou a parte central da Ilha de Madagascar e fundou a capital em Antananarivo, (vejam no mapa). A dinastia dos merinos foi marcada pela perseguição aos europeus, cristãos e missionários. Seu principal monarca foi Radama I, que obteve o controle de toda a ilha, e governou de 1810 até 1828. Ele expulsou e matou muitos europeus. Mas, em 1885 a França derrotou a rainha nativa Ranavalona III e fez da Ilha de Madagascar uma colônia francesa.
Atualmente cerca de 90% da mata da ilha de Madagascar já foi devastada, infelizmente, e um dos maiores problemas do país é a erosão! Apesar disso, Madagascar ainda tem uma das maiores diversidades da flora e da fauna em todo o planeta, abrigando milhares de espécies de pássaros, répteis e anfíbios! Os lêmures são primatas característicos desta ilha. A ilha tem os maiores depósitos de titânio do mundo, mas faltam recursos para explorá-los. A maioria da população segue a religião católica ou protestante.
Na Ilha de Madagascar existe uma lenda muito interessante sobre a fundação de uma república utópica e independente, por piratas do Oceano Índico, na Ilha de Sainte Marie, no ano de 1695, e que se chamou “República de Libertália”.
Libertália foi fundada pelo pirata francês François Mission, que também obteve a ajuda de um padre italiano, na parte ideológica, chamado Angelo Carraccioli. Eles se cansaram de guerrear nos mares, e então decidiram fundar uma sociedade utópica, na Baía de Diego Suarez, na Ilha de Santa Maria, em Madagascar, onde todos seriam tratados de maneira igual. 

Uma república baseada na Liberdade, Igualdade e Fraternidade! François Mission antecedeu o movimento do Iluminismo, com os seus ideais de liberdade de expressão e de igualdade entre os homens!
Mission usava o seu navio, uma fragata chamada “Liberty”, para saquear os navios negreiros e libertar os escravos! Na ilha todos viviam em liberdade. Era uma espécie de paraíso, onde os piratas encontravam um lugar para se esconder e se divertir. A ilha era muito bonita, haviam muitas mulheres que se entregavam facilmente e existia uma grande fraternidade entre os que lá viviam.

Dizem que, no dia em que a República de Libertália foi declarada, François Mission subiu num palanque de madeira improvisado e discursou assim para os seus companheiros:
Aqui começa hoje a República de Libertália! Nós nos dedicaremos à difusão da liberdade, do amor, da tolerância, da liberdade de fé e da proteção da humanidade, sem distinção de raça. E que a nossa fortuna seja igual à grandeza da nossa esperança!”.
Dizem que o famoso pirata inglês Thomas Tew foi escolhido para ser o comandante de uma pequena frota de navios da República de Libertália.

 Anos depois, ele teria relatado a criação desta sociedade utópica para um tal de Capitão Charles Johnson, que mais tarde escreveu um livro falando sobre estes piratas idealistas. O mais interessante foi saber que os historiadores já confirmaram que Charles Johnson era um pseudônimo usado pelo famoso escritor inglês Daniel Defoe!
Segundo historiadores, um dos piratas que buscou refúgio em Libertália foi o Capitão William Kidd, que lá esteve, em 1697, para efetuar reparos no seu navio. Porém, muitos pesquisadores afirmam que o verdadeiro nome de François Mission era Adam Baldridge, um famoso pirata inglês que chegou na Ilha de Santa Maria em 1685. Baldridge fundou vários armazéns, que comercializavam vários produtos de Madagascar, e também construiu uma fortaleza numa colina, onde ele tinha um harém com várias mulheres. Sua vida também daria um livro muito interessante!

Contudo, esta sociedade utópica acabou sendo invadida pelos nativos malgaxes. Alguns piratas morreram nesta luta, como o padre Carraccioli, mas outros conseguiram escapar, na fragata Liberty, partindo para a América, onde teriam naufragado no litoral brasileiro, depois de uma tempestade. As lendas falam que alguns dos tripulantes se salvaram, e ainda tentaram difundir os seus ideais de liberdade pela região da costa brasileira.

Mas, o que realmente é verdadeiro é que esta história pode ter servido de inspiração para, 24 anos depois, o famoso escritor Daniel Defoe, usando o pseudônimo de Capitão Charles Johnson, escrever um livro chamado “História geral dos roubos e assassinatos dos mais notáveis piratas”, onde ele comenta a criação da República de Libertália! Recentemente, outro escritor que reviveu o tema foi o jornalista francês Daniel Vaxelaire, com o seu livro “Os revoltosos de Libertália”.

Se Libertália existiu ou não, ainda não sabemos realmente, mas dizem que o livro de cabeceira de alguns dos maiores defensores do iluminismo, e de outros que proclamaram a independência dos Estados Unidos, tais como Voltaire, Franklin e Lafayette, foi o livro escrito pelo Capitão Charles Johnson! Este livro pode ter inspirado também, mais tarde, alguns dos ideólogos do anarquismo libertário. 

Ao lado vemos uma fotografia atual da Baia de Diego Suarez e dos lugares onde tinha sido montada a República de Libertália pelos piratas do Oceano Índico.
Acredito que uma das formas mais apropriadas do ser humano se organizar socialmente, e tentar interagir mais racionalmente com a Natureza, seria a vida em pequenas comunidades ecológicas, parcialmente auto-suficientes, devidamente organizadas e integradas dentro de uma rede de comunidades capazes de produzir a maioria dos produtos que as pessoas precisam. Estas comunidades ficariam parcialmente livres da dependência da Sociedade de Consumo Tradicional, teriam os seus próprios líderes, e até uma religião exclusiva!
Dentro das comunidades ecológicas e libertárias as pessoas podem viver mais felizes, se ajudando, se respeitando e respeitando a natureza também. Mas, este é um sonho nem sempre fácil de ser alcançado pela humanidade! Finalizando, gostaria de repetir novamente aqui as sábias palavras do pirata francês François Mission, da República de Libertália, quando subiu no palanque para falar com os seus companheiros:
“Que a nossa fortuna seja igual à grandeza da nossa esperança!”





quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Povos que estiveram na América antes de Colombo



Povos que estiveram na América antes de Colombo:

Muitos historiadores antigos, gregos e romanos, já descreviam alguns povos que viviam além das “Colunas de Hércules”. As colunas de Hércules eram as terras do estreito de Gibraltar, que separam o Mar Mediterrâneo do Oceano Atlântico. Alguns destes povos já eram bem conhecidos naquela época, como os normandos e os celtas, que habitavam a região das Ilhas Britânicas, ou Ilhas Cassiterites, como eram mais conhecidas naquele tempo. Os vikings viviam mais ao norte, na Dinamarca, Escandinávia e na Islândia. Todavia já existiam especulações sobre outros povos que viviam no meio do Oceano Atlântico e eram moradores de uma suposta terra conhecida como Atlântida, e que muito provavelmente era a América.

Os fenícios costumavam viajar também pelo Oceano Atlântico e fundaram colônias no litoral noroeste da África, como a cidade de Tânger, localizada no Marrocos, além do Estreito de Gibraltar. Os fenícios eram um povo mais antigo do que os gregos e os romanos, viviam do comércio e visitavam muitas regiões distantes, durante a Antiguidade, em busca de mercadorias raras e exóticas. Neste mapa acima podemos ver as regiões dominadas pelos fenícios e as regiões dominadas pelos gregos, ao longo do litoral do Mar Mediterrâneo.


O problema da civilização fenícia é que algumas de suas colônias mantinham uma antiga e terrível tradição de realizar sacrifícios de crianças, de até 12 anos, em honra ao deus Moloch, como acontecia na antiga colonia fenícia de Cartago, no norte da África. Os próprios moradores fenícios sentiam orgulho de oferecer crianças pequenas e recém nascidas para serem queimadas nas fornalhas deste deus sanguinário, que era adorado por alguns dos seus habitantes. Por causa de barbaridades assim os fenícios eram vistos com ódio e desconfiança por muitos povos da antiguidade como, por exemplo, pelos hebreus.
Naquela época também já existiam as caravanas de mercadores que cruzavam o Deserto do Saara para ir buscar, nos países que ficavam junto ao Oceano Atlântico, (tais como o Marrocos, o Senegal e a Nigéria), artigos como ouro, escravos, marfim, pedras preciosas, sal, peles, madeiras raras, ovos de avestruz e animais exóticos.
Os fenícios de Cartago contratavam caravanas de moradores do Deserto do Saara, como os Garamantes, para irem buscar mercadorias existentes do outro lado do Continente Africano! Estas caravanas tinham que enfrentar bandidos e outros povos que assaltavam e praticavam a pilhagem no meio do Deserto do Saara, como os tuaregues.
        Alguns estudiosos defendem a ideia de que, antes dos navegadores portugueses e espanhóis terem estado aqui na América, outros povos antigos já teriam conhecimento destas terras e teriam inclusive comercializado com as antigas civilizações americanas, que lhes forneciam os artigos que procuravam, tais como ouro, estanho, pedras preciosas, peles, especiarias e outros produtos, difíceis de serem encontrados na Europa. Pode ser que algum dos antigos reinos, existentes na África, ou na Ásia, tivessem o costume de viajar, de vez em quando, para a América, em busca destes produtos raros.

Sabemos, com certeza, que os vikings e os polinésios, que eram excelentes navegadores, estiveram nas terras da América bem antes de Colombo ter pisado em solo americano. Os polinésios estiveram na Ilha da Páscoa e muito provavelmente no sul do Chile. Já os vikings, comprovadamente estiveram no Canadá, onde fundaram algumas colônias, por volta do ano 1000 d.C. Os escandinavos chamavam estas terras de Vinland, ou terra das vinhas! 
      Mas, os vikings não foram muito bem recebidos pelos nativos indígenas e algumas colonias vikings do Canadá foram exterminadas. Mas, pode ser que algumas colônias conseguiram se entender bem com os índios e fizeram até casamentos entre os dois povos. Com o tempo, estas colonias foram se misturando com os índios, mais numerosos, e foram perdendo os seus costumes e hábitos antigos.

        Em 2011 nos foi revelado que os índios Duhare, que viviam na Carolina do Sul, possuíam uma linguagem que se assemelhava muito com uma antiga linguagem gaélica da Irlanda. Os duhares possuem uma pele mais clara, são mais altos que os outros nativos indígenas, e criavam animais para retirar o leite e fazer queijos. Eles podem ser o produto da miscigenação de nativos indígenas com os vikings, ou com outras populações vindas das Ilhas Britânicas.       

Quando os espanhóis entraram em contato com os nativos duhares, em 1521, perceberam que eles eram diferentes, tinham ferramentas de metal, e que o chefe e sua esposa viviam em um castelo de pedras!

Existem também suspeitas de que uma frota com cerca de 300 navios chineses, comandada pelo almirante Zheng He, à serviço do Imperador da China, teria estado na América, 70 anos antes de Colombo! Comprovadamente Zheng He esteve viajando pelo Oceano Índico onde esteve na Índia, no Mar Vermelho e também em Moçambique, (quem sabe comprando ouro das ricas minas do Império de Monomotapa).

Os juncos chineses eram barcos bem equipados e podiam resistir bem ao mar bravio. Dizem que a frota de Zheng He era composta por cerca de 300 navios, e que ele fez a navegação em torno do globo terrestre! Alguns pesquisadores afirmam que Zheng He esteve no Brasil no ano de 1.423 aproximadamente.
A família de Zheng He era muçulmana e ele tinha como obrigação visitar Meca, antes de morrer. O que muito provavelmente conseguiu!
Muitas cidades do passado, que já existiam na América e na Ásia, antes das Grandes Navegações da Idade Moderna, eram maiores do que quase todas as capitais europeias daquele tempo, como por exemplo, a cidade asteca de Tenochtitlan. 

Segundo os historiadores, a capital asteca Tenochtitlan, antes de ser destruída por Fernando Cortez, em 1522, só era menor do que quatro cidades da Europa daquela época: Roma, Paris, Veneza e Constantinopla. Infelizmente Tenochtitlan foi rapidamente destruída pelos espanhóis e o seu povo foi espalhado pelo território mexicano.
Na verdade, os verdadeiros descobridores da América, e que a povoaram, à cerca de 15.000 anos atrás, foram os povos vindos da Ásia Central, passando pelo Estreito de Bering. Naquela época o estreito era uma imensa planície chamada Beríngia, porque o nível do mar era bem mais baixo. 

Sem dúvida os povos asiáticos usaram os seus trenós, puxados por cães, para fazer a travessia da Beríngia e ir para lugares com um clima mais ameno e com menos frio. Os esquimós e índios do Canadá tem muita semelhança física com os povos que habitam a Ásia Central, nas proximidades do Lago Baiakal.
Mas, ainda cabe aqui dar um destaque para a grande frota de navios, que uns dizem ter sido de 400 navios, e outros afirmam que foi de 2.000 barcos, organizada por um rico rei do Império do Mali chamado Abubacari II, durante a Idade Média. Abubacari abdicou do trono em prol do seu irmão Mansa Musa, que foi o homem mais rico do mundo naquela época. Mansa Musa dominava as mais ricas jazidas de ouro da África.

Historiadores dizem que Abubacari esteve no litoral de Pernambuco, na América Central e também no México. Na América Central parece que sua frota deixou alguns descententes, que se multiplicaram. No México Abubacari manteve contato com os índios olmecas, que acharam que Abubacari era um enviado dos deuses e fizeram uma grande estátua em sua homenagem.
Diante de tantas evidências, por que atribuir a Colombo a descoberta da América? Colombo já sabia que a América existia, e esteve aqui apenas para tomar posse, para os reis da Espanha, e para a cristandade, de uma terra que já era conhecida pelos navegadores da antiguidade. Navegadores estes que não tinham nenhum interesse em fazer propaganda daquelas terras, que eles já conheciam!
Mas, as documentações que comprovam estas versões históricas estão aparecendo, aos poucos, conforme avançam as pesquisas dos historiadores. Brevemente teremos mais novidades a respeito!




segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O começo da Idade dos Metais na região do Mar Mediterrâneo




O começo da Idade dos metais na região do Mar Mediterrâneo:

Uma importante invenção humana foi o uso dos metais, que começou por volta de 10.000 anos antes de Cristo. Inicialmente o homem descobriu a metalurgia do chumbo e do cobre, minerais relativamente abundantes naquela época. Depois descobriu que, misturando o cobre com o estanho, principalmente, podia obter uma liga metálica mais dura e resistente, a qual deu o nome de bronze. Os primeiros artigos feitos com o bronze eram caros, considerados como produtos de luxo, e somente determinadas pessoas tinham condições de possuí-los! A mistura do cobre com o zinco dava o latão, outra importante liga usada primeiramente para se produzir objetos domésticos, como tachos e bacias.
O bronze é uma liga de cobre com o metal estanho, ou também uma liga de cobre com um metalóide chamado arsênio. O bronze de cobre-arsênio começou a ser fabricado primeiro, por volta de 4.500 a .C, mas o trabalho com o arsênio não era seguro, uma vez que ele é venenoso, podendo até ter sido o primeiro “mal industrial” a atormentar o homem! Assim, a liga cobre-arsênio foi sendo substituída pela liga de cobre-estanho, que passou a dominar totalmente a produção do bronze a partir de 3.200 a .C.

A liga de bronze de cobre-estanho contém cerca de 10% de estanho. Mas, o estanho é cerca de 15 vezes mais raro do que o cobre e, lá pelo ano 2.400 a .C, já era difícil encontrá-lo no Oriente Médio. O estanho começou a escassear também no leste do Mediterrâneo, obrigando os navios a irem buscá-lo em lugares distantes, como na Espanha e nas Ilhas Britânicas. Foi a primeira vez que houve o esgotamento permanente de um recurso mineral, numa grande região, causado pela ação do homem!
Pode-se também acrescentar outros minerais na liga de cobre-estanho, como alumínio ou níquel, visando com isto tornar o bronze mais leve ou mais resistente. Estas técnicas de produção eram segredos de fabricação que eram guardados pelos mestres ferramenteiros de diferentes povos da antiguidade. Muitos se especializavam na produção de determinadas armas, ou na produção de determinados artefatos necessários nas construções, no campo, na culinária, nos transportes, enfim, o bronze tinha muitas aplicações!
A idade do bronze foi marcada pela busca dos metais, dos quais ele era feito, em diversas localidades, principalmente na Europa, na África e no Oriente Médio. Alguns dos antigos impérios, como o Egito e a Babilônia, controlavam as rotas de navegação pelo Mar Mediterrâneo e comandavam a procura por estes metais. O estanho era o metal mais difícil de ser conseguido e geralmente era retirado da cassiterita.

Os povos vassalos e vizinhos dos egípcios e babilônios dependiam do fornecimento destes metais para fabricar o bronze. Mas estes minérios começaram a escassear, o que tornou as viagens cada vez mais longas e custosas!
     O Mar Mediterrâneo transformou-se no grande palco das principais rotas de navegação daquela época. A Ilha de Creta ficava no sul da Grécia, bem no meio das grandes rotas de navegação. Os cretenses criaram uma grande civilização, por volta de 2.000 anos a.C, e monopolizaram as rotas de navegação pelo Mar Egeu, onde ficavam as ilhas gregas, como por exemplo as Cíclades. Eles foram contratados pelos faraós do Egito para trazer o cedro do Líbano, uma madeira muito valorizada naquela época.
As maiores cidades cretense foram inicialmente Cnossos e Faístos, mas elas foram destruídas por um grande cataclisma em 1.750 a.C, provavelmente um terremoto. Em 1.700 a.C, o rei de Cnossos resolveu reconstruir a cidade e o seu palácio. Cnossos passou a ser a capital da ilha e o palácio passou a ser procurado por comerciantes de todo o Mediterrâneo. Ele ficou conhecido como o Palácio do Rei Minos, tinha muitos aposentos e amplas salas que serviam de armazém para os valorizados produtos produzidos pelos cretenses. Os cretenses eram hábeis artesãos e desenvolveram uma arte muito apreciada pelos comerciantes daquela época.

Os cretenses gostavam muito de touradas e diz a lenda que, nos subterrâneos do Palácio do Rei Minos, existia um labirinto habitado pelo Minotauro, um monstro antropófago que tinha a cabeça de um touro e o corpo de um homem! É claro que a lenda fez sucesso e se espalhou, chegando até os dias de hoje!
As mulheres de Cnossos usavam longos vestidos e algumas deixavam os seios à mostra, para o encanto dos marinheiros que aportavam em Creta. Cnossos dominou as navegações pelo Mar Egeu até ser destruída, em 1.400 a.C, pelos aqueus, povos vindos do norte da Grécia. Após sua destruição, os fenícios, que habitavam antigas cidades do litoral do Líbano, passaram a exercer o monopólio do comércio e das navegações por todo o Mar Mediterrâneo.
 Por volta de 1750 a.C, os Hicsos, povo nômade vindo da Ásia, invadiram o Egito sem encontrar muita resistência, com armas de bronze e carros de combate puxados por cavalos, um animal desconhecido no Egito até aquela época. Os carros de combate dos hicsos levavam um ou dois arqueiros e precediam, na batalha, os soldados à pé, com a finalidade de romper as forças inimigas.
Os hicsos permaneceram 180 anos no delta do Nilo, no norte do Egito, e fundaram sua capital em Ávaris, na região onde atualmente está a cidade de Tanis. Eles conviveram com os egípcios, sem muitas escaramuças, por cerca de 100 anos até que, em 1670 a .C, resolveram dominar todo o Egito. A partir de 1600 a .C eles foram atacados pela dinastia aristocrática e nativa do Egito, que ainda resistia mais ao sul, na cidade de Tebas. 
           Em 1570 a .C os hicsos foram derrotados pelo faraó Ahmés I, fundador da XVIII dinastia egípcia, e foram perseguidos até o deserto sírio, onde se misturaram com as demais populações do Oriente Médio. Pouco se sabe a respeito dos hicsos, mas alguns pesquisadores acham que eles eram judeus!
      Os cretenses e fenícios eram grandes navegadores e trabalhavam para outros reinos! Foi comprovado que os fenícios foram os primeiros a navegar ao redor do Continente Africano, a serviço do faraó egípcio Necho II, por volta de 600 a .C, numa viagem de circunavegação que durou três anos! Durante a viagem, eles paravam no litoral e cultivavam a terra, para obter alimentos e prosseguir na jornada. Os fenícios foram comandados por Hamon, um experiente navegador que saiu do Mar Vermelho, contornou a África, e voltou ao Egito pelo Mar Mediterrâneo!

Alguns estudiosos especulam que os fenícios podem ter chegado até a América, usando rotas de navegação secretas e desconhecidas pela maioria dos navegadores! Eles tinham o costume de viajar para países distantes, em busca de metais e pedras preciosas.
Os fenícios foram os maiores navegadores da antiguidade e tinham muitos entrepostos comerciais, ao longo do litoral do Mediterrâneo, que se transformaram em grandes cidades, como Cartago, no norte da África, que foi um dos maiores impérios da antiguidade. Foram os sumérios quem inventaram a escrita, a cerca de 3.600 anos a.C, para o registro das suas transações comerciais, mas foram os fenícios quem inventaram o alfabeto ligado aos sons, isto é, cada símbolo representando um tipo de som!
O ferro foi outro metal que começou a ser usado pelos homens da antiguidade algum tempo depois. O ferro existia em grande quantidade mas, no começo da sua fabricação, ele não tinha muita resistência, porque os homens não tinham descoberto ainda a melhor maneira de prepará-lo. Mas, por volta de 1.350 antes de Cristo, os Cálibes, um povo que vivia na região da Cáldia, no sul do Mar Negro, perto das montanhas do Cáucaso, conseguiram descobrir o segredo da metalurgia do ferro. Eles finalmente conseguiram produzir artigos de ferro superiores aos artigos produzidos com o bronze. As armas, ferramentas e outros instrumentos, produzidos com o ferro dos Cálibes, eram bem mais resistentes e duráveis! Os cálibes também eram chamados de Caldios!
Acontece que os Cálibes eram vassalos dos hititas que, naquela época, já tinham um grande império e dominavam quase toda a região da Anatólia, (atual Turquia). Assim, os hititas se apossaram dos segredos da metalurgia do ferro e começaram também a fabricar armas mais resistentes, com as quais passaram a guerrear com os seus vizinhos! Assim como os hicsos, os hititas foram um dos primeiros povos da antiguidade a usar carros puxados por cavalos, nas guerras que faziam. Mas, os aros das rodas dos carros dos hititas eram mais resistentes, pois eram feitos de ferro!
Naquela época os arados e as carroças mais pesadas eram geralmente puxados por bois, enquanto que os cavalos eram usados no transporte leve e rápido. Os egípcios usavam uma biga leve, feita de madeira, que era puxada por cavalos e alcançava uma grande velocidade.

 Os hititas foram grandes inimigos dos egípcios e travaram a célebre Batalha de Kadesh, no ano de 1.296 a .C, com o famoso faraó Ramsés II, cujo corpo foi mumificado e repousa hoje no Museu do Cairo. A batalha terminou empatada, mas serviu para os hititas interromperem o expansionismo egípcio de Ramsés II sobre o seu império.
O faraó egípcio Ramsés II, o mesmo que expulsou Moisés do Egito, foi a primeira personalidade pública da história a se utilizar da propaganda para enaltecer a sua pessoa! Ele mandou gravar nas paredes dos templos o seu desempenho heróico na Batalha de Kadesh.
Porém, o Império Hitita não durou muito tempo! Conflitos internos e ameaças exteriores, principalmente de uma coligação de povos e piratas mediterrâneos, chamados “Povos do Mar”, por volta de 1.200 a .C, levaram o império à extinção. E o segredo da metalurgia do ferro acabou se espalhando por todo o Oriente e pela Europa.
Os velhos e grandes impérios daquela época, que possuíam realezas mercantis baseadas no comercio e controle das rotas marítimas que transportavam os minerais, dos quais os artigos de bronze eram feitos, viram-se, de uma hora para outra, perdendo o controle dos seus vizinhos e estados vassalos, que passaram a adotar a metalurgia do ferro. O ferro é um mineral muito mais abundante e fácil de ser trabalhado. Os estados vassalos passaram a se afastar gradativamente do Egito e da Babilônia, a partir do século XII a.C, uma vez que a metalurgia do ferro podia ser desenvolvida em vários lugares, com recursos próprios, tornando assim desnecessária a manutenção das rotas de comércio à longa distância, dominadas pelos grandes impérios, para buscar os minerais raros. Os estados vassalos começaram a usar armas mais resistentes, feitas de ferro, e chegaram a ameaçar até a hegemonia do Egito e da Babilônia, pois estes antigos impérios ainda mantiveram, por algum tempo, o uso da liga de bronze na confecção das suas armas.
     Quero lhes agradecer por terem me acompanhado até aqui, e também quero lhes explicar que o estudo destas civilizações se faz necessário porque precisamos entender a natureza agressiva e destruidora do ser humano, ao longo da história, para não cometermos os mesmos erros do nosso passado. Estes erros podem ser prejudiciais para a constituição de um novo tipo de organização social, mais justa, feliz e igualitária.
Fiquem na paz!