terça-feira, 1 de agosto de 2017

A mãe de Moisés foi a maior rainha do Egito


Hatshepsut, a maior rainha do Egito

Hatshepsut foi a maior rainha-faraó que o Egito já teve. Foi uma ótima administradora do reino, promoveu a unificação do Baixo com o Alto Egito, construiu grandes obras e templos, organizou uma grande expedição comercial para a distante Eritreia, e também foi a mãe adotiva de Moisés.
Faraó Hatshepsut oferecendo comida ao Deus Órus
Ela era a filha mais velha do rei Tutmés I e da rainha Amósis. Sua avó foi Ahhotep, uma conhecida regente do Egito. Nasceu na cidade de Tebas, muito provavelmente em 1.505 a.C. e faleceu em 1.457 a.C., com cerca de 49 anos de idade apenas.
Seu pai faleceu quando ela tinha apenas 24 anos de idade deixando o Egito para o seu filho Tutmés II, de quem ela era meia-irmã, e com o qual ela se casou, após a morte do pai. Naquela época os faraós desposavam as próprias irmãs, ou tias, a fim de manter e aumentar o seu prestígio, pois as mulheres da realeza tinham muitos direitos e privilégios Elas eram as cantoras do deus Amom-Rá, eram as esposas reais e as mães do faraó-deus!
O faraó Tutmés II não chegou a governar por muito tempo, pois faleceu poucos anos depois, deixando o reino para o seu filho bastardo Tutmés III, que ainda era uma criança pequena, com apenas 3 anos de idade. Assim, Hatshepsut passou a dirigir o Reino do Egito no lugar do seu enteado, assumindo as funções de regente.
Estátua de Hatshepsut
Na qualidade de esposa real de Tutmés II, ela assumiu o governo quando tinha apenas 28 anos de idade, em 1.476 a. C., dirigindo o império por cerca de 20 anos, até o ano de 1.457 a.C., durante um período no qual o Egito experimentou vários anos de prosperidade e paz interna.
Ela também teve o apoio dos sacerdotes do Deus Amon-Rá porque, como regente, ela fazia muitas doações e favores para o clero. Assumiu o governo do Egito adotando o nome de MAATKARE e dizendo ser filha direta do Deus Amon, sendo a primeira faraó do reino que teve a ideia de usar a teogamia para legitimar o seu poder. Para legitimar ainda mais o seu poder, Hatshetpsut passou a usar uma barba postiça, tanga curta e uma cauda de touro, assumindo uma aparência quase masculina.
Durante os primeiros 6 anos da sua regência Hatshepsut passou a consolidar o seu poder e, a partir do sétimo ano, proclamou-se rainha-faraó juntamente com o seu enteado Tutmés III. Assim, o Egito passou a ter dois reis que governavam juntos. Enquanto as funções eclesiásticas, o controle do clero e as ações bélicas externas iam ficando cada vez mais com Tutmés III, ela se encarregava mais das funções administrativas internas do país e à construção de grandes obras, como as obras feitas no Templo de Amon, em Karnak, e as construções do seu Templo Funerário, em Deir el-Bahari, perto de da cidade de Tebas, no Vale do Rio Nilo.
Gravura retratando a provável aparência de Senenmut e Hatshepsut

Foi por esta época que entrou em cena a figura de um plebeu letrado, camareiro e professor de Neferure, filha da rainha, que era chamado Senenmut. Com o passar do tempo Senenmut foi se tornando conselheiro da rainha Hatshepsut e também o seu amante, segundo afirmam historiadores mais radicais. Alguns ainda afirmam que ele lutou nos exércitos de Tutmés I, pai da rainha Hatshepsut, e que talvez ele fosse na verdade o pai da sua filha Neferure.
Senenmut tornou-se uma das pessoas mais importantes da administração egípcia, foi o arquiteto do templo de Djeser-Djeseru, e ocupou o cargo de Supervisor das Obras do Egito. O Templo de Djeser-Djeseru, situado na região de Del el-Bahari, perto de Tebas, era magnífico pela sua elegância, harmonia e pelos jardins em sua volta.
Templo de Djeser-Djeseru em Del el-Bahari, perto de Tebas

Este templo era conhecido como “o mais santo dos santos”, ou, “o sublime dos sublimes”. Senenmute deixou mais de 20 estátuas suas nos monumentos que projetou para a rainha, algumas delas junto com a sua tutora Neferure. Deixou também algumas imagens suas, inclusive uma segurando uma corda de topógrafo. Como arquiteto também construiu em Karnak, onde deixou dois grandes obeliscos dedicados à rainha-faraó Hatshepsut.
Durante o nono ano do seu reinado, Hatshepsut sentiu vontade de enviar uma expedição comercial para a distante Terra de Punt, que muito provavelmente ficava na região da Eritréia, ou Djibuti, países africanos situados no litoral do Mar Vermelho.
Provável localização da Terra de Punt

Para isto Hatshepsut organizou uma grande expedição que durou cerca de 3 anos! Naquela época a Terra de Punt era uma região rica, sendo conhecida como “a terra do ouro”.
Hatshepsut mandou construir 5 navios de madeira grandes e adequados para o transporte de mercadorias. Estes navios cruzaram o Mar Vermelho e aportaram em Punt, um reino que ficava perto do Chifre da África. Foram recebidos pelo Rei de Punt, a "Terra do Ouro", e por sua mulher, que era bem obesa, segundo mostram os desenhos gravados nas paredes do Templo de Djeser-Djeseru.

Navio egípcio da expedição sendo carregado na Terra de Punt
Depois de serem carregados com várias mercadorias, tais como ouro, marfim, ébano, incenso, mirra, perfumes, resinas, mudas de plantas, especiarias e animais exóticos (tais como macacos e leopardos), estes navios regressaram para o Egito.

As mudas das árvores de incenso, trazidas pela expedição, foram plantadas nos jardins existentes na frente do Templo de Djeser-Djeseru. Algumas imagens contando os detalhes desta longa expedição foram gravadas nos murais do templo por ordem de Senenmude, o arquiteto da rainha, e podem ser vistas até hoje.
Templos da região de Del el-Bahari situados em frente ao Templo de Karnak
Durante os primeiros 10 anos do seu reinado, a atividade militar exterior do Egito foi mínima, e isto ocasionou a perda de alguns territórios ao norte, no Oriente Próximo, e algumas revoltas ao sul, na fronteira com a Núbia. Isto obrigou Hatshepsut a exercer algumas atividades militares no sul do Egito para apaziguar as rebeliões e garantir os territórios que haviam sido conquistados. Também efetuou algumas campanhas militares contra a Síria. 
Segundo conta a Bíblia a filha do faraó encontrou o cesto com Moisés

Parece que a rainha também efetuou algumas alianças militares com os povos hititas e cananeus do Oriente Próximo, para evitar uma guerra desnecessária e custosa. Mais tarde, o Rei-Faraó Tutmés III, que foi sendo preparado para a arte da guerra, liderou algumas importantes campanhas militares contra os povos do norte que queriam invadir o Egito.
De acordo com a Bíblia, Moisés, o líder religioso dos Hebreus que libertou o povo israelita da escravidão no Egito, foi salvo das águas por Hatshepsut, a filha do Faraó Tutmés I, que depois o adotou, pois não tinha nenhum filho homem. Moisés viveu no Egito durante 40 anos, gozando de um grande prestígio na corte do Egito.
Moises e a sarça ardente do alto do Monte Horebe
Depois de ter matado um feitor egípcio, Moisés partiu para seu exílio no Deserto do Sinai, onde se casou com Zípora e teve dois filhos. Quando estava perto de completar 80 anos, Moisés subiu ao Monte Horebe, onde conversou com uma sarça ardente que era a personificação de Deus. Deus então o convocou para voltar ao Egito e libertar o seu povo do cativeiro, tarefa que ele realizou com louvor.
Quase no final do governo de Hatshepsut os povos que habitavam o norte do Egito resolveram se revoltar e ameaçar o seu império. Assim, os hititas, os palestinos, os cananeus e os sírios resolveram unir forças e, juntamente com as forças militares das importantes cidades de Kadesh e Megido, enfrentar os egípcios. Tutmés III, que já era um homem adulto e preparado, resolveu se antecipar aos atacantes, e desferiu um ataque mortal contra as tropas inimigas vencendo-os na Batalha de Megido, em abril de 1.457 a.C., obrigando-os a fugir e se esconder na cidade de Megido. A cidade de Megido ficou sitiada durante sete meses, até as tropas inimigas se renderem.
Tutmés III, à esquerda,atacando a biga do Rei de Kadesh

Estas batalhas deram força para o Faraó Tutmés III, que assim resolveu se revoltar contra o poder da rainha Hatshepsut, pois pretendia governar sozinho. Uma das sua primeiras providências foi tratar de dar um sumiço em Senenmut, braço direito da sua tia, em 1.458 a.C. Assim, Senenmut caiu em desgraça, foi afastado das suas funções e, deste esta época, ninguém mais teve notícias dele. Sabe-se apenas que ele não foi enterrado no mausoléu que construiu, perto do templo da rainha, que ele havia projetado. Quanto à rainha Hatshepsut, parece que seu poder ficou mais fraco, depois do afastamento do seu arquiteto. Ela também ficou doente, contraiu um câncer, e morreu em 1.457 a.C.
Múmia da Rainha Hatshepsut, a mãe adotiva de Moisés

Em junho de 2007, o Discovery Channel e o egiptólogo Dr. Zahi Howass anunciaram a identificação positiva da múmia da Rainha Hatshapsut, ou Maatkare. Ela foi encontrada inicialmente pelo arqueólogo Howard Carter quando achou duas múmias femininas durante as suas pesquisas no túmulo da enfermeira de Hatshepsut.
Uma destas duas múmias era a múmia da mãe adotiva de Moisés, e a causa provável da sua morte foi um câncer ósseo, que a matou aos 49 anos de idade. A identificação da múmia da rainha Hatshepsut deu origem a um documentário chamado "Segredos da rainha perdida do Egito", com mais de uma hora e meia de duração.
Após a morte da rainha, Tutmés subiu ao trono e logo procurou apagar a imagem de Hatshepsut da história, destruiu alguns dos templos construídos por ela, e mandou apagar as imagens da rainha de alguns altos-relevos das paredes dos templos.
Neste pequeno, mas interessante, vídeo abaixo podemos entender o porque desta tentativa para apagar da história a lembrança desta grande rainha do Egito:



Assim, o Faraó Tutmés III ficou livre para governar o Egito e expandir as suas fronteiras. Tutmés III é considerado o maior faraó guerreiro do Antigo Egito e aquele que levou para mais longe as fronteiras do Reino do Egito.