terça-feira, 1 de agosto de 2017

A mãe de Moisés foi a maior rainha do Egito


Hatshepsut, a maior rainha do Egito

Hatshepsut foi a maior rainha-faraó que o Egito já teve. Foi uma ótima administradora do reino, promoveu a unificação do Baixo com o Alto Egito, construiu grandes obras e templos, organizou uma grande expedição comercial para a distante Eritreia, e também foi a mãe adotiva de Moisés.
Faraó Hatshepsut oferecendo comida ao Deus Órus
Ela era a filha mais velha do rei Tutmés I e da rainha Amósis. Sua avó foi Ahhotep, uma conhecida regente do Egito. Nasceu na cidade de Tebas, muito provavelmente em 1.505 a.C. e faleceu em 1.457 a.C., com cerca de 49 anos de idade apenas.
Seu pai faleceu quando ela tinha apenas 24 anos de idade deixando o Egito para o seu filho Tutmés II, de quem ela era meia-irmã, e com o qual ela se casou, após a morte do pai. Naquela época os faraós desposavam as próprias irmãs, ou tias, a fim de manter e aumentar o seu prestígio, pois as mulheres da realeza tinham muitos direitos e privilégios Elas eram as cantoras do deus Amom-Rá, eram as esposas reais e as mães do faraó-deus!
O faraó Tutmés II não chegou a governar por muito tempo, pois faleceu poucos anos depois, deixando o reino para o seu filho bastardo Tutmés III, que ainda era uma criança pequena, com apenas 3 anos de idade. Assim, Hatshepsut passou a dirigir o Reino do Egito no lugar do seu enteado, assumindo as funções de regente.
Estátua de Hatshepsut
Na qualidade de esposa real de Tutmés II, ela assumiu o governo quando tinha apenas 28 anos de idade, em 1.476 a. C., dirigindo o império por cerca de 20 anos, até o ano de 1.457 a.C., durante um período no qual o Egito experimentou vários anos de prosperidade e paz interna.
Ela também teve o apoio dos sacerdotes do Deus Amon-Rá porque, como regente, ela fazia muitas doações e favores para o clero. Assumiu o governo do Egito adotando o nome de MAATKARE e dizendo ser filha direta do Deus Amon, sendo a primeira faraó do reino que teve a ideia de usar a teogamia para legitimar o seu poder. Para legitimar ainda mais o seu poder, Hatshetpsut passou a usar uma barba postiça, tanga curta e uma cauda de touro, assumindo uma aparência quase masculina.
Durante os primeiros 6 anos da sua regência Hatshepsut passou a consolidar o seu poder e, a partir do sétimo ano, proclamou-se rainha-faraó juntamente com o seu enteado Tutmés III. Assim, o Egito passou a ter dois reis que governavam juntos. Enquanto as funções eclesiásticas, o controle do clero e as ações bélicas externas iam ficando cada vez mais com Tutmés III, ela se encarregava mais das funções administrativas internas do país e à construção de grandes obras, como as obras feitas no Templo de Amon, em Karnak, e as construções do seu Templo Funerário, em Deir el-Bahari, perto de da cidade de Tebas, no Vale do Rio Nilo.
Gravura retratando a provável aparência de Senenmut e Hatshepsut

Foi por esta época que entrou em cena a figura de um plebeu letrado, camareiro e professor de Neferure, filha da rainha, que era chamado Senenmut. Com o passar do tempo Senenmut foi se tornando conselheiro da rainha Hatshepsut e também o seu amante, segundo afirmam historiadores mais radicais. Alguns ainda afirmam que ele lutou nos exércitos de Tutmés I, pai da rainha Hatshepsut, e que talvez ele fosse na verdade o pai da sua filha Neferure.
Senenmut tornou-se uma das pessoas mais importantes da administração egípcia, foi o arquiteto do templo de Djeser-Djeseru, e ocupou o cargo de Supervisor das Obras do Egito. O Templo de Djeser-Djeseru, situado na região de Del el-Bahari, perto de Tebas, era magnífico pela sua elegância, harmonia e pelos jardins em sua volta.
Templo de Djeser-Djeseru em Del el-Bahari, perto de Tebas

Este templo era conhecido como “o mais santo dos santos”, ou, “o sublime dos sublimes”. Senenmute deixou mais de 20 estátuas suas nos monumentos que projetou para a rainha, algumas delas junto com a sua tutora Neferure. Deixou também algumas imagens suas, inclusive uma segurando uma corda de topógrafo. Como arquiteto também construiu em Karnak, onde deixou dois grandes obeliscos dedicados à rainha-faraó Hatshepsut.
Durante o nono ano do seu reinado, Hatshepsut sentiu vontade de enviar uma expedição comercial para a distante Terra de Punt, que muito provavelmente ficava na região da Eritréia, ou Djibuti, países africanos situados no litoral do Mar Vermelho.
Provável localização da Terra de Punt

Para isto Hatshepsut organizou uma grande expedição que durou cerca de 3 anos! Naquela época a Terra de Punt era uma região rica, sendo conhecida como “a terra do ouro”.
Hatshepsut mandou construir 5 navios de madeira grandes e adequados para o transporte de mercadorias. Estes navios cruzaram o Mar Vermelho e aportaram em Punt, um reino que ficava perto do Chifre da África. Foram recebidos pelo Rei de Punt, a "Terra do Ouro", e por sua mulher, que era bem obesa, segundo mostram os desenhos gravados nas paredes do Templo de Djeser-Djeseru.

Navio egípcio da expedição sendo carregado na Terra de Punt
Depois de serem carregados com várias mercadorias, tais como ouro, marfim, ébano, incenso, mirra, perfumes, resinas, mudas de plantas, especiarias e animais exóticos (tais como macacos e leopardos), estes navios regressaram para o Egito.

As mudas das árvores de incenso, trazidas pela expedição, foram plantadas nos jardins existentes na frente do Templo de Djeser-Djeseru. Algumas imagens contando os detalhes desta longa expedição foram gravadas nos murais do templo por ordem de Senenmude, o arquiteto da rainha, e podem ser vistas até hoje.
Templos da região de Del el-Bahari situados em frente ao Templo de Karnak
Durante os primeiros 10 anos do seu reinado, a atividade militar exterior do Egito foi mínima, e isto ocasionou a perda de alguns territórios ao norte, no Oriente Próximo, e algumas revoltas ao sul, na fronteira com a Núbia. Isto obrigou Hatshepsut a exercer algumas atividades militares no sul do Egito para apaziguar as rebeliões e garantir os territórios que haviam sido conquistados. Também efetuou algumas campanhas militares contra a Síria. 
Segundo conta a Bíblia a filha do faraó encontrou o cesto com Moisés

Parece que a rainha também efetuou algumas alianças militares com os povos hititas e cananeus do Oriente Próximo, para evitar uma guerra desnecessária e custosa. Mais tarde, o Rei-Faraó Tutmés III, que foi sendo preparado para a arte da guerra, liderou algumas importantes campanhas militares contra os povos do norte que queriam invadir o Egito.
De acordo com a Bíblia, Moisés, o líder religioso dos Hebreus que libertou o povo israelita da escravidão no Egito, foi salvo das águas por Hatshepsut, a filha do Faraó Tutmés I, que depois o adotou, pois não tinha nenhum filho homem. Moisés viveu no Egito durante 40 anos, gozando de um grande prestígio na corte do Egito.
Moises e a sarça ardente do alto do Monte Horebe
Depois de ter matado um feitor egípcio, Moisés partiu para seu exílio no Deserto do Sinai, onde se casou com Zípora e teve dois filhos. Quando estava perto de completar 80 anos, Moisés subiu ao Monte Horebe, onde conversou com uma sarça ardente que era a personificação de Deus. Deus então o convocou para voltar ao Egito e libertar o seu povo do cativeiro, tarefa que ele realizou com louvor.
Quase no final do governo de Hatshepsut os povos que habitavam o norte do Egito resolveram se revoltar e ameaçar o seu império. Assim, os hititas, os palestinos, os cananeus e os sírios resolveram unir forças e, juntamente com as forças militares das importantes cidades de Kadesh e Megido, enfrentar os egípcios. Tutmés III, que já era um homem adulto e preparado, resolveu se antecipar aos atacantes, e desferiu um ataque mortal contra as tropas inimigas vencendo-os na Batalha de Megido, em abril de 1.457 a.C., obrigando-os a fugir e se esconder na cidade de Megido. A cidade de Megido ficou sitiada durante sete meses, até as tropas inimigas se renderem.
Tutmés III, à esquerda,atacando a biga do Rei de Kadesh

Estas batalhas deram força para o Faraó Tutmés III, que assim resolveu se revoltar contra o poder da rainha Hatshepsut, pois pretendia governar sozinho. Uma das sua primeiras providências foi tratar de dar um sumiço em Senenmut, braço direito da sua tia, em 1.458 a.C. Assim, Senenmut caiu em desgraça, foi afastado das suas funções e, deste esta época, ninguém mais teve notícias dele. Sabe-se apenas que ele não foi enterrado no mausoléu que construiu, perto do templo da rainha, que ele havia projetado. Quanto à rainha Hatshepsut, parece que seu poder ficou mais fraco, depois do afastamento do seu arquiteto. Ela também ficou doente, contraiu um câncer, e morreu em 1.457 a.C.
Múmia da Rainha Hatshepsut, a mãe adotiva de Moisés

Em junho de 2007, o Discovery Channel e o egiptólogo Dr. Zahi Howass anunciaram a identificação positiva da múmia da Rainha Hatshapsut, ou Maatkare. Ela foi encontrada inicialmente pelo arqueólogo Howard Carter quando achou duas múmias femininas durante as suas pesquisas no túmulo da enfermeira de Hatshepsut.
Uma destas duas múmias era a múmia da mãe adotiva de Moisés, e a causa provável da sua morte foi um câncer ósseo, que a matou aos 49 anos de idade. A identificação da múmia da rainha Hatshepsut deu origem a um documentário chamado "Segredos da rainha perdida do Egito", com mais de uma hora e meia de duração.
Após a morte da rainha, Tutmés subiu ao trono e logo procurou apagar a imagem de Hatshepsut da história, destruiu alguns dos templos construídos por ela, e mandou apagar as imagens da rainha de alguns altos-relevos das paredes dos templos.
Neste pequeno, mas interessante, vídeo abaixo podemos entender o porque desta tentativa para apagar da história a lembrança desta grande rainha do Egito:



Assim, o Faraó Tutmés III ficou livre para governar o Egito e expandir as suas fronteiras. Tutmés III é considerado o maior faraó guerreiro do Antigo Egito e aquele que levou para mais longe as fronteiras do Reino do Egito.

domingo, 23 de abril de 2017

A terrível explosão que deu origem à lenda da Atlântida e do Dilúvio Universal


A terrível explosão do Vulcão de Thera:
Segundo afirmam alguns geólogos, a explosão na antiga Ilha de Thera, no Mar Mediterrâneo, ou a Erupção Minóica do Mar Egeu, foi a mais forte explosão que já aconteceu no Planeta Terra. Calcula-se que a explosão do grande vulcão que existia na Ilha de Thera, ocorrida aproximadamente no ano de 1.645 antes de Cristo, tenha sido quatro vezes maior do que aquela que ocorreu com o vulcão de Krakatoa, em 1883!
A grande explosão na Ilha de Thera abalou todo o Mar Egeu
Esta enorme explosão criou uma grande coluna de cinzas e fuligem que afetou culturas agrícolas até na China, na Fenícia e no Egito. Desintegrou o solo e o subsolo da Ilha de Thera, transformando-a  num arquipélago de cinco ilhas, conhecidas hoje como Arquipélago de Santorini, (Santa Irene, em italiano). 
Sua coluna de fumaça chegou até a estratosfera, e a onda sísmica criou várias ondas marinhas enormes e um tsunami que atingiu mais de 100 metros de altura. O tsunami criado pela explosão arrasou o litoral da Ilha de Creta, situado a cerca de 110 quilômetros de distância, destruindo parte da sua frota naval e contribuindo para a fase de decadência da Civilização Cretense.
As ondas sísmicas, a partir de Thera, chegaram até o Oriente Médio
Também provocou ondas enormes que invadiram o Delta do Rio Nilo e arrasaram com as culturas egípcias daquela rica região, causando fome e revoltas populares. A rica cidade portuária de Acrotíri, que ficava em Thera, foi totalmente destruída e a navegação pelo Mar Egeu ficou seriamente prejudicada durante muito tempo. Parecia que o mundo ia se acabar! Milhares de pessoas morreram, e o céu ficou totalmente escuro durante vários dias.
Esta terrível explosão do vulcão na Ilha de Thera não poderia mesmo ser apagada da memória e do imaginário popular dos povos da Idade do Bronze Grego, e que viviam nos litorais ao longo do Mar Mediterrâneo. Assim, começaram a aparecer algumas lendas antigas que contribuíram para enriquecer a Mitologia Grega, como a Lenda do Grande Dilúvio de Deucalião e a Lenda da Destruição da Atlântida.

Situação da ilha 3.600 anos depois:
A explosão vulcânica na ilha de Thera foi tão grande que explodiu e arrancou a parte central da ilha, mandando-a para o espaço, e formou uma imensa cratera que foi engolida pelas águas do Mar Egeu. Ainda hoje, 3.600 anos depois, podemos ver como ficou aquela região e as porções de terra que restaram da ilha.
Arquipélago de Santorini e a posição atual das duas Ilhas Kameni.
Atualmente, o turismo tomou conta daquele arquipélago formado por duas ilhas maiores e três pequenas ilhas, servindo como principal fonte de renda para os atuais moradores gregos. Excursões programadas levam os turistas para conhecer a cratera do vulcão, chamada de Nova Ilha Kammeni, e que vem crescendo cada vez mais, nos últimos 400 anos, uma vez que a atividade geológica do vulcão ainda continua! Grandes navios de turismo trazem pessoas de várias partes do mundo e, na borda daquela imensa cratera, foram construídas várias casas e pousadas para contemplação da Ilha Kammeni, situada no meio da cratera do antigo vulcão da Ilha de Thera.
Como a atividade do vulcão ainda não cessou, e chegou a cobrir de lava várias casas e um pequeno porto que existia na Ilha Kammeni, o Governo da Grécia proibiu a presença de moradores naquela ilha.
Igreja em Santorini e a Ilha de Kameni no meio da cratera.
Atualmente, o arquipélago chama-se Ilha de Santorini, e também possui um aeroporto para receber os turistas. Navios e escunas levam os excursionistas para percorrer a pé, ou no lombo de burros, a trilha que leva até a cratera ativa do vulcão que, de vez em quando, solta lavas e colunas de fumaça.
No litoral da Ilha Kammeni também existem fontes termais, no fundo do mar, que aquecem a água e permitem o banho coletivo dos turistas. Existe até uma pequena praia, na base da encosta da montanha, chamada de Praia Vermelha, por causa da coloração das suas rochas.

Origem de várias lendas:
As erupções do vulcão duraram cerca de três dias, e também foram acompanhadas por um grande terremoto e vários tremores de terra. As ondas sísmicas se espalharam por quase toda a região do Mar Mediterrâneo, afetando os moradores dos litorais da Anatólia, Grécia, Fenícia e Egito. Os tsunamis varreram a costa de várias ilhas do Arquipélago das Ilhas Cíclades, situadas ao norte do Mar Egeu.
Região do Mar Egeu onde ficam as Ilhas Cíclades.
Os moradores destas ilhas começaram então a contar histórias interessantes sobre estes fatos, que depois viraram lendas e foram incorporadas à lista de histórias da Mitologia Grega. As duas lendas mais famosas dizem respeito à Atlântida e ao Grande Dilúvio de Deucalião.
Segundo a lenda, a Atlântida teria sido uma maravilhosa ilha onde existia uma civilização extremamente evoluída. Muitos acham que foi o filósofo grego Platão quem primeiro escreveu sobre a Atlântida. Na verdade, o primeiro a escrever versos falando de Atlântida foi Sólon, famoso administrador de Atenas. Sólon ouviu falar da lenda da Atlântida quando viajou para a cidade de Saís, no Delta do Rio Nilo.
Saís foi uma das cidades que mais sofreram com os tsunamis provocados pela erupção do vulcão na Ilha de Thera, em 1.645 antes de Cristo. Um sacerdote de Saís, chamado Thereupon, contou para Sólon a lenda da destruição de uma grande ilha, no meio do oceano, chamada Atlântida.
Concepção artística de como os antigos imaginavam a Atlântida

Sólon resolveu então escrever alguns versos sobre esta história. Estes versos se perderam, mas a história prosseguiu e, anos mais tarde, chegou aos ouvidos de Crítias. Crítias era o tio-avô de Platão, ou um primo mais velho da sua mãe, e contou para Platão sobre os versos que Sólon tinha escrito a respeito de uma ilha misteriosa, no meio do mar, e que havia sido destruída por um grande cataclisma.
Platão ouviu aquela história e decidiu contá-la nos seus livros “Crítias” e “Timeu”, aonde ele narra os diálogos que teve com seu tio e outras pessoas. Foi assim que a lenda sobre a Ilha da Atlântida chegou até os nossos dias!
O Dilúvio de Zeus e Poseidon influenciou a lenda da Arca de Noé.
Quanto à história da arca construída por Deucalião e sua esposa Pirra, para se salvarem do grande dilúvio, ela é contada na Mitologia Grega, e deve ter influenciado a história bíblica da Arca de Noé.
Zeus, o maior de todos os deuses gregos, estava zangado com as atrocidades humanas, e decidiu destruir a espécie humana com um grande diluvio. Para isto, teve que pedir a ajuda do seu irmão Poseidon, o senhor dos mares, das tempestades e dos terremotos. Poseidon era adorado na Ilha de Creta. Acontece que o titã Prometeu não queria que seu filho Deucalião, (o mais justo dos homens), e sua esposa Pirra, (a mais virtuosa das mulheres), morressem neste grande dilúvio. Tratou então de aconselhá-los para que construíssem uma arca, que iria flutuar sobre as águas.
Monte Parnaso, perto de Delfos, foi onde parou a arca de Deucalião
Quando Zeus inundou a Terra, apenas o cume da Montanha Parnaso, que tem 2.460 metros de altura, ficou para fora. Segundo a Mitologia Grega, o Monte Parnaso, perto de Delfos, é uma das residências do Deus Apolo e das suas 9 musas! Foi no Monte Parnaso que a arca de Deucalião conseguiu abrigo. Deucalião e Pirra caminharam depois para o Templo de Têmis, que ficava no Monte Parnaso, onde consultaram a Deusa da Justiça sobre como deveriam proceder. Têmis lhes orientou para que jogassem várias pedras sobre os ombros, e assim eles fizeram. As pedras que Deucalião jogava transformavam-se em homens, e as pedras que Pirra jogava transformavam-se em mulheres. Assim, a Terra foi povoada novamente. A Mitologia fala que um dos filhos de Pirra com Deucalião foi Heleno, o mais antigo ancestral do povo grego.

Destruição do litoral norte de Creta e da Foz do Rio Nilo:
A erupção do vulcão na Ilha de Thera demorou 3 dias, antes de acontecer a grande explosão. Durante este tempo enormes ondas foram formadas, e aconteceu um grande terremoto, que causou um gigantesco tsunami com mais de 100 metros de altura! Estas ondas espalharam-se pelo Mar Mediterrâneo e atingiram outras ilhas e regiões importantes, tais como o litoral norte da Ilha de Creta e a foz do Rio Nilo.
Os cretenses formavam um povo alegre e festivo.
As cinzas e a fuligem, expelidas pelo vulcão, prejudicaram muito as plantações de várias regiões, provocando fome e revoltas populares!
A Civilização Cretense, também conhecida como Civilização Minoica, era formada por um povo alegre e festivo. Sua capital ficava na cidade de Cnossos, onde suas mulheres gostavam de exibir os seus seios nus e os palácios eram ricamente ornamentados.
Mulheres cretenses dentro do Palácio Real do Rei Minas, em Cnossos.
Os navios cretenses transportavam artigos por quase todo o Mediterrâneo e chegava até a Sicília e o Egito. Eles transportavam produtos como o azeite, vinho, cerâmicas, joias e tecidos. A escrita usada pelos comerciantes e eruditos minóicos, a Lineal A, infelizmente ainda não foi decifrada!
Na Ilha de Creta, situada a cerca de 110 quilômetros de Thera, as grandes ondas começaram a chegar cerca de 40 minutos depois das primeiras explosões! Isto causou a destruição da frota naval e das construções situadas ao longo do litoral norte cretense. As cinzas lançadas pelo vulcão de Thera cobriram os campos, destruindo as lavouras. Muitas pessoas morreram e muitas plantações foram destruídas, contribuindo assim para o enfraquecimento da economia e do poderio naval minoico.
Príncipe de Cnossos retratado num afresco
Creta estava passando por um período de decadência, e Thera era uma das suas principais colônias! Os anos foram passando, mas Creta não conseguiu mais recuperar o seu antigo apogeu, ficando cada vez mais fraca, o que facilitou a sua invasão pelos povos aqueus, vindos do norte e do continente grego, por volta de 1450 antes de Cristo.
Os povos aqueus formavam uma aristocracia de guerreiros experientes, cuja capital ficava na cidade de Micenas. Outras importantes cidades da civilização micênica eram Tirinto, Pilos e Argos. Depois da destruição de Creta, e da sua capital Cnossos, durante a Idade do Bronze Grego, a cidade de Micenas transformou-se na mais importante da Grécia, por um período de mais de 300 anos.
As grandes ondas também atingiram o Egito, e os litorais da Fenícia e da Anatólia. No Vale do Rio Nilo, as ondas chegaram com menos intensidade do que em Creta, mas apresentavam uma grande altura, com cerca de 20 metros, que foi suficiente para invadir o vale e destruir casas e plantações. As cinzas cobriram os campos e destruíram a água usada nas lavouras. Isto causou fome e a revolta da população, o que contribuiu para o enfraquecimento do poder do faraó da décima quinta dinastia egípcia.
Plantações na Planície do Delta do Rio Nilo foram atingidas pelo tsunami
O Egito tornou-se uma potencia mais fraca, o que contribuiu para a invasão definitiva dos Povos Hicsos, vindos do Oriente Médio, da região de Canaã. Os povos hicsos eram vistos com  um certo preconceito pelos nativos egípcios, pois estes os tratavam com maldade e os chamavam pejorativamente de “vagabundos das areias”. Os hicsos começaram a invadir o Baixo Egito por volta de 1.750 antes de Cristo, em busca de alimentos, e foram se instalando gradativamente naquela região.
Com os acontecimentos causados pelos tsunamis, que destruíram o Delta do Nilo, os hicsos aproveitaram para tomar o poder e implantar a sua dinastia, que durou quase 200 anos, e ficou conhecida como a décima sexta dinastia do Egito! Sua capital foi implantada na cidade de Aváris, no lado leste do Delta do Rio Nilo.

Continuação da atividade eruptiva do vulcão de Santorini:
Ocorrida por volta de 1.645 antes de Cristo, a Erupção de Thera, ou Explosão Minóica, no Mar Egeu, foi a mais forte explosão já vista na Terra! Gerou maremotos, tremores de terra, terremotos e um forte tsunami que varreu o litoral de várias das ilhas do Arquipélago das Ilhas Cyclades e chegou até o litoral do Egito.
A erupção, que durou 3 dias, também derramou muita lava, provocou muitas nuvens de cinzas e fuligem que destruíram plantações na Europa, no Oriente e até na China! A cidade de Acrotíri, capital de Thera, e o seu próspero porto, também foram imediatamente destruídos e soterrados pelas lavas e cinzas do vulcão. A explosão da boca do vulcão provocou a destruição de quase toda a Ilha de Thera, deixando apenas uma grande cratera e algumas pequenas ilhas, que hoje formam o arquipélago de Santorini. Com o passar dos anos, apareceram duas pequenas ilhas, no meio da cratera formada por aquela terrível explosão.
Vista aérea da Ilha de Nova Kameni, em Santorini
Estas duas ilhas são o resultado da atividade eruptiva e do derrame de lava do vulcão, que ainda está ativo! Elas se chamam Velha Kameni e Nova Kameni, e recebem a visita de centenas de turistas todos os meses.
Segundo afirmam alguns geólogos, antes desta terrível explosão, já haviam ocorrido 12 importantes fases eruptivas na Ilha de Thera. Entretanto, nos últimos 400 anos, a ilha Nova Kameni foi ficando cada vez maior. Durante o século XIX, entre 1866 e 1870, Santorini apresentou erupções de lava consideráveis que destruíram as casas de um pequeno porto construído na Ilha de Nova Kameni, onde fica a boca do vulcão.
Os turista caminham pelas trilhas que levam até a cratera do vulcão de Nova Kameni, em Santorini, na Grécia.

Em agosto de 1925 o vulcão voltou a ficar ativo e, durante 6 meses, houve derramamento de lava, formação de gêiseres e vapores, e também uma grande coluna de fumaça, com 3,5 quilômetros de altura. Isto levou o Governo da Grécia a proibir a presença de pessoas naquela ilha durante a noite. Várias erupções e derrames de lava também ocorreram no final da década de 30.
Aparelho registrando os sismos da cratera de Santorini
Nos dias de hoje, apesar do vulcão estar mais inativo, ele pode acordar a qualquer momento para iniciar um novo ciclo de erupções, motivo pelo qual as autoridades estão instalando sismógrafos e diversos aparelhos que medem o seu comportamento, a fim de providenciar uma possível retirada da população da Ilha de Santorini.

Atividade turística em Santorini:
Enquanto uma nova tragédia não acontece em Santorini, os turistas vão aproveitando para conhecer melhor a ilha que está se formando no interior daquela grande cratera. No norte da Ilha de Nova Kameni existem fontes de águas termais, que brotam do fundo do mar e formam as águas quentes, propiciando o banho coletivo. Este local, onde a água do mar é mais escura, é chamado de “Águas Vermelhas”.
Banho coletivo dos turistas nas águas quentes de Nova Kameni.


Os barcos e escunas trazem os turistas, que ficam hospedados em Santorini, para conhecer a cratera do vulcão e ver de perto a atividade que ainda existe no seu interior. Excursões são planejadas antecipadamente e já existem até cavalos e mulas esperando para levar os turistas através das trilhas daquela ilha.
Na Ilha de Nova Kameni existe até uma pequena praia, que atrai os turistas que querem sentir a sensação de estar tomando Sol no local da maior explosão vulcânica que já aconteceu no nosso planeta.
Casas e pousadas da Ilha de Santorini, na Grécia.

As pousadas e hotéis situados em Santorini dispõem de grandes comodidades, piscinas e uma vista privilegiada da grande cratera. Pessoas de todo o mundo procuram seus aposentos, para conhecer o que restou da antiga Ilha de Thera e ver as ruínas de Acrotíri, os objetos e as pinturas antigas, que foram delicadamente recuperados, e para tirar muitas fotos.
Hoje, o local daquela terrível tragédia geológica transformou-se numa das maiores atrações turísticas da Grécia e da Europa!
Modelo tirando fotos em Santorini, na Grécia.