Mostrando postagens com marcador hicsos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador hicsos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O começo da Idade dos Metais na região do Mar Mediterrâneo




O começo da Idade dos metais na região do Mar Mediterrâneo:

Uma importante invenção humana foi o uso dos metais, que começou por volta de 10.000 anos antes de Cristo. Inicialmente o homem descobriu a metalurgia do chumbo e do cobre, minerais relativamente abundantes naquela época. Depois descobriu que, misturando o cobre com o estanho, principalmente, podia obter uma liga metálica mais dura e resistente, a qual deu o nome de bronze. Os primeiros artigos feitos com o bronze eram caros, considerados como produtos de luxo, e somente determinadas pessoas tinham condições de possuí-los! A mistura do cobre com o zinco dava o latão, outra importante liga usada primeiramente para se produzir objetos domésticos, como tachos e bacias.
O bronze é uma liga de cobre com o metal estanho, ou também uma liga de cobre com um metalóide chamado arsênio. O bronze de cobre-arsênio começou a ser fabricado primeiro, por volta de 4.500 a .C, mas o trabalho com o arsênio não era seguro, uma vez que ele é venenoso, podendo até ter sido o primeiro “mal industrial” a atormentar o homem! Assim, a liga cobre-arsênio foi sendo substituída pela liga de cobre-estanho, que passou a dominar totalmente a produção do bronze a partir de 3.200 a .C.

A liga de bronze de cobre-estanho contém cerca de 10% de estanho. Mas, o estanho é cerca de 15 vezes mais raro do que o cobre e, lá pelo ano 2.400 a .C, já era difícil encontrá-lo no Oriente Médio. O estanho começou a escassear também no leste do Mediterrâneo, obrigando os navios a irem buscá-lo em lugares distantes, como na Espanha e nas Ilhas Britânicas. Foi a primeira vez que houve o esgotamento permanente de um recurso mineral, numa grande região, causado pela ação do homem!
Pode-se também acrescentar outros minerais na liga de cobre-estanho, como alumínio ou níquel, visando com isto tornar o bronze mais leve ou mais resistente. Estas técnicas de produção eram segredos de fabricação que eram guardados pelos mestres ferramenteiros de diferentes povos da antiguidade. Muitos se especializavam na produção de determinadas armas, ou na produção de determinados artefatos necessários nas construções, no campo, na culinária, nos transportes, enfim, o bronze tinha muitas aplicações!
A idade do bronze foi marcada pela busca dos metais, dos quais ele era feito, em diversas localidades, principalmente na Europa, na África e no Oriente Médio. Alguns dos antigos impérios, como o Egito e a Babilônia, controlavam as rotas de navegação pelo Mar Mediterrâneo e comandavam a procura por estes metais. O estanho era o metal mais difícil de ser conseguido e geralmente era retirado da cassiterita.

Os povos vassalos e vizinhos dos egípcios e babilônios dependiam do fornecimento destes metais para fabricar o bronze. Mas estes minérios começaram a escassear, o que tornou as viagens cada vez mais longas e custosas!
     O Mar Mediterrâneo transformou-se no grande palco das principais rotas de navegação daquela época. A Ilha de Creta ficava no sul da Grécia, bem no meio das grandes rotas de navegação. Os cretenses criaram uma grande civilização, por volta de 2.000 anos a.C, e monopolizaram as rotas de navegação pelo Mar Egeu, onde ficavam as ilhas gregas, como por exemplo as Cíclades. Eles foram contratados pelos faraós do Egito para trazer o cedro do Líbano, uma madeira muito valorizada naquela época.
As maiores cidades cretense foram inicialmente Cnossos e Faístos, mas elas foram destruídas por um grande cataclisma em 1.750 a.C, provavelmente um terremoto. Em 1.700 a.C, o rei de Cnossos resolveu reconstruir a cidade e o seu palácio. Cnossos passou a ser a capital da ilha e o palácio passou a ser procurado por comerciantes de todo o Mediterrâneo. Ele ficou conhecido como o Palácio do Rei Minos, tinha muitos aposentos e amplas salas que serviam de armazém para os valorizados produtos produzidos pelos cretenses. Os cretenses eram hábeis artesãos e desenvolveram uma arte muito apreciada pelos comerciantes daquela época.

Os cretenses gostavam muito de touradas e diz a lenda que, nos subterrâneos do Palácio do Rei Minos, existia um labirinto habitado pelo Minotauro, um monstro antropófago que tinha a cabeça de um touro e o corpo de um homem! É claro que a lenda fez sucesso e se espalhou, chegando até os dias de hoje!
As mulheres de Cnossos usavam longos vestidos e algumas deixavam os seios à mostra, para o encanto dos marinheiros que aportavam em Creta. Cnossos dominou as navegações pelo Mar Egeu até ser destruída, em 1.400 a.C, pelos aqueus, povos vindos do norte da Grécia. Após sua destruição, os fenícios, que habitavam antigas cidades do litoral do Líbano, passaram a exercer o monopólio do comércio e das navegações por todo o Mar Mediterrâneo.
 Por volta de 1750 a.C, os Hicsos, povo nômade vindo da Ásia, invadiram o Egito sem encontrar muita resistência, com armas de bronze e carros de combate puxados por cavalos, um animal desconhecido no Egito até aquela época. Os carros de combate dos hicsos levavam um ou dois arqueiros e precediam, na batalha, os soldados à pé, com a finalidade de romper as forças inimigas.
Os hicsos permaneceram 180 anos no delta do Nilo, no norte do Egito, e fundaram sua capital em Ávaris, na região onde atualmente está a cidade de Tanis. Eles conviveram com os egípcios, sem muitas escaramuças, por cerca de 100 anos até que, em 1670 a .C, resolveram dominar todo o Egito. A partir de 1600 a .C eles foram atacados pela dinastia aristocrática e nativa do Egito, que ainda resistia mais ao sul, na cidade de Tebas. 
           Em 1570 a .C os hicsos foram derrotados pelo faraó Ahmés I, fundador da XVIII dinastia egípcia, e foram perseguidos até o deserto sírio, onde se misturaram com as demais populações do Oriente Médio. Pouco se sabe a respeito dos hicsos, mas alguns pesquisadores acham que eles eram judeus!
      Os cretenses e fenícios eram grandes navegadores e trabalhavam para outros reinos! Foi comprovado que os fenícios foram os primeiros a navegar ao redor do Continente Africano, a serviço do faraó egípcio Necho II, por volta de 600 a .C, numa viagem de circunavegação que durou três anos! Durante a viagem, eles paravam no litoral e cultivavam a terra, para obter alimentos e prosseguir na jornada. Os fenícios foram comandados por Hamon, um experiente navegador que saiu do Mar Vermelho, contornou a África, e voltou ao Egito pelo Mar Mediterrâneo!

Alguns estudiosos especulam que os fenícios podem ter chegado até a América, usando rotas de navegação secretas e desconhecidas pela maioria dos navegadores! Eles tinham o costume de viajar para países distantes, em busca de metais e pedras preciosas.
Os fenícios foram os maiores navegadores da antiguidade e tinham muitos entrepostos comerciais, ao longo do litoral do Mediterrâneo, que se transformaram em grandes cidades, como Cartago, no norte da África, que foi um dos maiores impérios da antiguidade. Foram os sumérios quem inventaram a escrita, a cerca de 3.600 anos a.C, para o registro das suas transações comerciais, mas foram os fenícios quem inventaram o alfabeto ligado aos sons, isto é, cada símbolo representando um tipo de som!
O ferro foi outro metal que começou a ser usado pelos homens da antiguidade algum tempo depois. O ferro existia em grande quantidade mas, no começo da sua fabricação, ele não tinha muita resistência, porque os homens não tinham descoberto ainda a melhor maneira de prepará-lo. Mas, por volta de 1.350 antes de Cristo, os Cálibes, um povo que vivia na região da Cáldia, no sul do Mar Negro, perto das montanhas do Cáucaso, conseguiram descobrir o segredo da metalurgia do ferro. Eles finalmente conseguiram produzir artigos de ferro superiores aos artigos produzidos com o bronze. As armas, ferramentas e outros instrumentos, produzidos com o ferro dos Cálibes, eram bem mais resistentes e duráveis! Os cálibes também eram chamados de Caldios!
Acontece que os Cálibes eram vassalos dos hititas que, naquela época, já tinham um grande império e dominavam quase toda a região da Anatólia, (atual Turquia). Assim, os hititas se apossaram dos segredos da metalurgia do ferro e começaram também a fabricar armas mais resistentes, com as quais passaram a guerrear com os seus vizinhos! Assim como os hicsos, os hititas foram um dos primeiros povos da antiguidade a usar carros puxados por cavalos, nas guerras que faziam. Mas, os aros das rodas dos carros dos hititas eram mais resistentes, pois eram feitos de ferro!
Naquela época os arados e as carroças mais pesadas eram geralmente puxados por bois, enquanto que os cavalos eram usados no transporte leve e rápido. Os egípcios usavam uma biga leve, feita de madeira, que era puxada por cavalos e alcançava uma grande velocidade.

 Os hititas foram grandes inimigos dos egípcios e travaram a célebre Batalha de Kadesh, no ano de 1.296 a .C, com o famoso faraó Ramsés II, cujo corpo foi mumificado e repousa hoje no Museu do Cairo. A batalha terminou empatada, mas serviu para os hititas interromperem o expansionismo egípcio de Ramsés II sobre o seu império.
O faraó egípcio Ramsés II, o mesmo que expulsou Moisés do Egito, foi a primeira personalidade pública da história a se utilizar da propaganda para enaltecer a sua pessoa! Ele mandou gravar nas paredes dos templos o seu desempenho heróico na Batalha de Kadesh.
Porém, o Império Hitita não durou muito tempo! Conflitos internos e ameaças exteriores, principalmente de uma coligação de povos e piratas mediterrâneos, chamados “Povos do Mar”, por volta de 1.200 a .C, levaram o império à extinção. E o segredo da metalurgia do ferro acabou se espalhando por todo o Oriente e pela Europa.
Os velhos e grandes impérios daquela época, que possuíam realezas mercantis baseadas no comercio e controle das rotas marítimas que transportavam os minerais, dos quais os artigos de bronze eram feitos, viram-se, de uma hora para outra, perdendo o controle dos seus vizinhos e estados vassalos, que passaram a adotar a metalurgia do ferro. O ferro é um mineral muito mais abundante e fácil de ser trabalhado. Os estados vassalos passaram a se afastar gradativamente do Egito e da Babilônia, a partir do século XII a.C, uma vez que a metalurgia do ferro podia ser desenvolvida em vários lugares, com recursos próprios, tornando assim desnecessária a manutenção das rotas de comércio à longa distância, dominadas pelos grandes impérios, para buscar os minerais raros. Os estados vassalos começaram a usar armas mais resistentes, feitas de ferro, e chegaram a ameaçar até a hegemonia do Egito e da Babilônia, pois estes antigos impérios ainda mantiveram, por algum tempo, o uso da liga de bronze na confecção das suas armas.
     Quero lhes agradecer por terem me acompanhado até aqui, e também quero lhes explicar que o estudo destas civilizações se faz necessário porque precisamos entender a natureza agressiva e destruidora do ser humano, ao longo da história, para não cometermos os mesmos erros do nosso passado. Estes erros podem ser prejudiciais para a constituição de um novo tipo de organização social, mais justa, feliz e igualitária.
Fiquem na paz!

domingo, 23 de abril de 2017

A terrível explosão que deu origem à lenda da Atlântida e do Dilúvio Universal


A terrível explosão do Vulcão de Thera:
Segundo afirmam alguns geólogos, a explosão na antiga Ilha de Thera, no Mar Mediterrâneo, ou a Erupção Minóica do Mar Egeu, foi a mais forte explosão que já aconteceu no Planeta Terra. Calcula-se que a explosão do grande vulcão que existia na Ilha de Thera, ocorrida aproximadamente no ano de 1.645 antes de Cristo, tenha sido quatro vezes maior do que aquela que ocorreu com o vulcão de Krakatoa, em 1883!
A grande explosão na Ilha de Thera abalou todo o Mar Egeu
Esta enorme explosão criou uma grande coluna de cinzas e fuligem que afetou culturas agrícolas até na China, na Fenícia e no Egito. Desintegrou o solo e o subsolo da Ilha de Thera, transformando-a  num arquipélago de cinco ilhas, conhecidas hoje como Arquipélago de Santorini, (Santa Irene, em italiano). 
Sua coluna de fumaça chegou até a estratosfera, e a onda sísmica criou várias ondas marinhas enormes e um tsunami que atingiu mais de 100 metros de altura. O tsunami criado pela explosão arrasou o litoral da Ilha de Creta, situado a cerca de 110 quilômetros de distância, destruindo parte da sua frota naval e contribuindo para a fase de decadência da Civilização Cretense.
As ondas sísmicas, a partir de Thera, chegaram até o Oriente Médio
Também provocou ondas enormes que invadiram o Delta do Rio Nilo e arrasaram com as culturas egípcias daquela rica região, causando fome e revoltas populares. A rica cidade portuária de Acrotíri, que ficava em Thera, foi totalmente destruída e a navegação pelo Mar Egeu ficou seriamente prejudicada durante muito tempo. Parecia que o mundo ia se acabar! Milhares de pessoas morreram, e o céu ficou totalmente escuro durante vários dias.
Esta terrível explosão do vulcão na Ilha de Thera não poderia mesmo ser apagada da memória e do imaginário popular dos povos da Idade do Bronze Grego, e que viviam nos litorais ao longo do Mar Mediterrâneo. Assim, começaram a aparecer algumas lendas antigas que contribuíram para enriquecer a Mitologia Grega, como a Lenda do Grande Dilúvio de Deucalião e a Lenda da Destruição da Atlântida.

Situação da ilha 3.600 anos depois:
A explosão vulcânica na ilha de Thera foi tão grande que explodiu e arrancou a parte central da ilha, mandando-a para o espaço, e formou uma imensa cratera que foi engolida pelas águas do Mar Egeu. Ainda hoje, 3.600 anos depois, podemos ver como ficou aquela região e as porções de terra que restaram da ilha.
Arquipélago de Santorini e a posição atual das duas Ilhas Kameni.
Atualmente, o turismo tomou conta daquele arquipélago formado por duas ilhas maiores e três pequenas ilhas, servindo como principal fonte de renda para os atuais moradores gregos. Excursões programadas levam os turistas para conhecer a cratera do vulcão, chamada de Nova Ilha Kammeni, e que vem crescendo cada vez mais, nos últimos 400 anos, uma vez que a atividade geológica do vulcão ainda continua! Grandes navios de turismo trazem pessoas de várias partes do mundo e, na borda daquela imensa cratera, foram construídas várias casas e pousadas para contemplação da Ilha Kammeni, situada no meio da cratera do antigo vulcão da Ilha de Thera.
Como a atividade do vulcão ainda não cessou, e chegou a cobrir de lava várias casas e um pequeno porto que existia na Ilha Kammeni, o Governo da Grécia proibiu a presença de moradores naquela ilha.
Igreja em Santorini e a Ilha de Kameni no meio da cratera.
Atualmente, o arquipélago chama-se Ilha de Santorini, e também possui um aeroporto para receber os turistas. Navios e escunas levam os excursionistas para percorrer a pé, ou no lombo de burros, a trilha que leva até a cratera ativa do vulcão que, de vez em quando, solta lavas e colunas de fumaça.
No litoral da Ilha Kammeni também existem fontes termais, no fundo do mar, que aquecem a água e permitem o banho coletivo dos turistas. Existe até uma pequena praia, na base da encosta da montanha, chamada de Praia Vermelha, por causa da coloração das suas rochas.

Origem de várias lendas:
As erupções do vulcão duraram cerca de três dias, e também foram acompanhadas por um grande terremoto e vários tremores de terra. As ondas sísmicas se espalharam por quase toda a região do Mar Mediterrâneo, afetando os moradores dos litorais da Anatólia, Grécia, Fenícia e Egito. Os tsunamis varreram a costa de várias ilhas do Arquipélago das Ilhas Cíclades, situadas ao norte do Mar Egeu.
Região do Mar Egeu onde ficam as Ilhas Cíclades.
Os moradores destas ilhas começaram então a contar histórias interessantes sobre estes fatos, que depois viraram lendas e foram incorporadas à lista de histórias da Mitologia Grega. As duas lendas mais famosas dizem respeito à Atlântida e ao Grande Dilúvio de Deucalião.
Segundo a lenda, a Atlântida teria sido uma maravilhosa ilha onde existia uma civilização extremamente evoluída. Muitos acham que foi o filósofo grego Platão quem primeiro escreveu sobre a Atlântida. Na verdade, o primeiro a escrever versos falando de Atlântida foi Sólon, famoso administrador de Atenas. Sólon ouviu falar da lenda da Atlântida quando viajou para a cidade de Saís, no Delta do Rio Nilo.
Saís foi uma das cidades que mais sofreram com os tsunamis provocados pela erupção do vulcão na Ilha de Thera, em 1.645 antes de Cristo. Um sacerdote de Saís, chamado Thereupon, contou para Sólon a lenda da destruição de uma grande ilha, no meio do oceano, chamada Atlântida.
Concepção artística de como os antigos imaginavam a Atlântida

Sólon resolveu então escrever alguns versos sobre esta história. Estes versos se perderam, mas a história prosseguiu e, anos mais tarde, chegou aos ouvidos de Crítias. Crítias era o tio-avô de Platão, ou um primo mais velho da sua mãe, e contou para Platão sobre os versos que Sólon tinha escrito a respeito de uma ilha misteriosa, no meio do mar, e que havia sido destruída por um grande cataclisma.
Platão ouviu aquela história e decidiu contá-la nos seus livros “Crítias” e “Timeu”, aonde ele narra os diálogos que teve com seu tio e outras pessoas. Foi assim que a lenda sobre a Ilha da Atlântida chegou até os nossos dias!
O Dilúvio de Zeus e Poseidon influenciou a lenda da Arca de Noé.
Quanto à história da arca construída por Deucalião e sua esposa Pirra, para se salvarem do grande dilúvio, ela é contada na Mitologia Grega, e deve ter influenciado a história bíblica da Arca de Noé.
Zeus, o maior de todos os deuses gregos, estava zangado com as atrocidades humanas, e decidiu destruir a espécie humana com um grande diluvio. Para isto, teve que pedir a ajuda do seu irmão Poseidon, o senhor dos mares, das tempestades e dos terremotos. Poseidon era adorado na Ilha de Creta. Acontece que o titã Prometeu não queria que seu filho Deucalião, (o mais justo dos homens), e sua esposa Pirra, (a mais virtuosa das mulheres), morressem neste grande dilúvio. Tratou então de aconselhá-los para que construíssem uma arca, que iria flutuar sobre as águas.
Monte Parnaso, perto de Delfos, foi onde parou a arca de Deucalião
Quando Zeus inundou a Terra, apenas o cume da Montanha Parnaso, que tem 2.460 metros de altura, ficou para fora. Segundo a Mitologia Grega, o Monte Parnaso, perto de Delfos, é uma das residências do Deus Apolo e das suas 9 musas! Foi no Monte Parnaso que a arca de Deucalião conseguiu abrigo. Deucalião e Pirra caminharam depois para o Templo de Têmis, que ficava no Monte Parnaso, onde consultaram a Deusa da Justiça sobre como deveriam proceder. Têmis lhes orientou para que jogassem várias pedras sobre os ombros, e assim eles fizeram. As pedras que Deucalião jogava transformavam-se em homens, e as pedras que Pirra jogava transformavam-se em mulheres. Assim, a Terra foi povoada novamente. A Mitologia fala que um dos filhos de Pirra com Deucalião foi Heleno, o mais antigo ancestral do povo grego.

Destruição do litoral norte de Creta e da Foz do Rio Nilo:
A erupção do vulcão na Ilha de Thera demorou 3 dias, antes de acontecer a grande explosão. Durante este tempo enormes ondas foram formadas, e aconteceu um grande terremoto, que causou um gigantesco tsunami com mais de 100 metros de altura! Estas ondas espalharam-se pelo Mar Mediterrâneo e atingiram outras ilhas e regiões importantes, tais como o litoral norte da Ilha de Creta e a foz do Rio Nilo.
Os cretenses formavam um povo alegre e festivo.
As cinzas e a fuligem, expelidas pelo vulcão, prejudicaram muito as plantações de várias regiões, provocando fome e revoltas populares!
A Civilização Cretense, também conhecida como Civilização Minoica, era formada por um povo alegre e festivo. Sua capital ficava na cidade de Cnossos, onde suas mulheres gostavam de exibir os seus seios nus e os palácios eram ricamente ornamentados.
Mulheres cretenses dentro do Palácio Real do Rei Minas, em Cnossos.
Os navios cretenses transportavam artigos por quase todo o Mediterrâneo e chegava até a Sicília e o Egito. Eles transportavam produtos como o azeite, vinho, cerâmicas, joias e tecidos. A escrita usada pelos comerciantes e eruditos minóicos, a Lineal A, infelizmente ainda não foi decifrada!
Na Ilha de Creta, situada a cerca de 110 quilômetros de Thera, as grandes ondas começaram a chegar cerca de 40 minutos depois das primeiras explosões! Isto causou a destruição da frota naval e das construções situadas ao longo do litoral norte cretense. As cinzas lançadas pelo vulcão de Thera cobriram os campos, destruindo as lavouras. Muitas pessoas morreram e muitas plantações foram destruídas, contribuindo assim para o enfraquecimento da economia e do poderio naval minoico.
Príncipe de Cnossos retratado num afresco
Creta estava passando por um período de decadência, e Thera era uma das suas principais colônias! Os anos foram passando, mas Creta não conseguiu mais recuperar o seu antigo apogeu, ficando cada vez mais fraca, o que facilitou a sua invasão pelos povos aqueus, vindos do norte e do continente grego, por volta de 1450 antes de Cristo.
Os povos aqueus formavam uma aristocracia de guerreiros experientes, cuja capital ficava na cidade de Micenas. Outras importantes cidades da civilização micênica eram Tirinto, Pilos e Argos. Depois da destruição de Creta, e da sua capital Cnossos, durante a Idade do Bronze Grego, a cidade de Micenas transformou-se na mais importante da Grécia, por um período de mais de 300 anos.
As grandes ondas também atingiram o Egito, e os litorais da Fenícia e da Anatólia. No Vale do Rio Nilo, as ondas chegaram com menos intensidade do que em Creta, mas apresentavam uma grande altura, com cerca de 20 metros, que foi suficiente para invadir o vale e destruir casas e plantações. As cinzas cobriram os campos e destruíram a água usada nas lavouras. Isto causou fome e a revolta da população, o que contribuiu para o enfraquecimento do poder do faraó da décima quinta dinastia egípcia.
Plantações na Planície do Delta do Rio Nilo foram atingidas pelo tsunami
O Egito tornou-se uma potencia mais fraca, o que contribuiu para a invasão definitiva dos Povos Hicsos, vindos do Oriente Médio, da região de Canaã. Os povos hicsos eram vistos com  um certo preconceito pelos nativos egípcios, pois estes os tratavam com maldade e os chamavam pejorativamente de “vagabundos das areias”. Os hicsos começaram a invadir o Baixo Egito por volta de 1.750 antes de Cristo, em busca de alimentos, e foram se instalando gradativamente naquela região.
Com os acontecimentos causados pelos tsunamis, que destruíram o Delta do Nilo, os hicsos aproveitaram para tomar o poder e implantar a sua dinastia, que durou quase 200 anos, e ficou conhecida como a décima sexta dinastia do Egito! Sua capital foi implantada na cidade de Aváris, no lado leste do Delta do Rio Nilo.

Continuação da atividade eruptiva do vulcão de Santorini:
Ocorrida por volta de 1.645 antes de Cristo, a Erupção de Thera, ou Explosão Minóica, no Mar Egeu, foi a mais forte explosão já vista na Terra! Gerou maremotos, tremores de terra, terremotos e um forte tsunami que varreu o litoral de várias das ilhas do Arquipélago das Ilhas Cyclades e chegou até o litoral do Egito.
A erupção, que durou 3 dias, também derramou muita lava, provocou muitas nuvens de cinzas e fuligem que destruíram plantações na Europa, no Oriente e até na China! A cidade de Acrotíri, capital de Thera, e o seu próspero porto, também foram imediatamente destruídos e soterrados pelas lavas e cinzas do vulcão. A explosão da boca do vulcão provocou a destruição de quase toda a Ilha de Thera, deixando apenas uma grande cratera e algumas pequenas ilhas, que hoje formam o arquipélago de Santorini. Com o passar dos anos, apareceram duas pequenas ilhas, no meio da cratera formada por aquela terrível explosão.
Vista aérea da Ilha de Nova Kameni, em Santorini
Estas duas ilhas são o resultado da atividade eruptiva e do derrame de lava do vulcão, que ainda está ativo! Elas se chamam Velha Kameni e Nova Kameni, e recebem a visita de centenas de turistas todos os meses.
Segundo afirmam alguns geólogos, antes desta terrível explosão, já haviam ocorrido 12 importantes fases eruptivas na Ilha de Thera. Entretanto, nos últimos 400 anos, a ilha Nova Kameni foi ficando cada vez maior. Durante o século XIX, entre 1866 e 1870, Santorini apresentou erupções de lava consideráveis que destruíram as casas de um pequeno porto construído na Ilha de Nova Kameni, onde fica a boca do vulcão.
Os turista caminham pelas trilhas que levam até a cratera do vulcão de Nova Kameni, em Santorini, na Grécia.

Em agosto de 1925 o vulcão voltou a ficar ativo e, durante 6 meses, houve derramamento de lava, formação de gêiseres e vapores, e também uma grande coluna de fumaça, com 3,5 quilômetros de altura. Isto levou o Governo da Grécia a proibir a presença de pessoas naquela ilha durante a noite. Várias erupções e derrames de lava também ocorreram no final da década de 30.
Aparelho registrando os sismos da cratera de Santorini
Nos dias de hoje, apesar do vulcão estar mais inativo, ele pode acordar a qualquer momento para iniciar um novo ciclo de erupções, motivo pelo qual as autoridades estão instalando sismógrafos e diversos aparelhos que medem o seu comportamento, a fim de providenciar uma possível retirada da população da Ilha de Santorini.

Atividade turística em Santorini:
Enquanto uma nova tragédia não acontece em Santorini, os turistas vão aproveitando para conhecer melhor a ilha que está se formando no interior daquela grande cratera. No norte da Ilha de Nova Kameni existem fontes de águas termais, que brotam do fundo do mar e formam as águas quentes, propiciando o banho coletivo. Este local, onde a água do mar é mais escura, é chamado de “Águas Vermelhas”.
Banho coletivo dos turistas nas águas quentes de Nova Kameni.


Os barcos e escunas trazem os turistas, que ficam hospedados em Santorini, para conhecer a cratera do vulcão e ver de perto a atividade que ainda existe no seu interior. Excursões são planejadas antecipadamente e já existem até cavalos e mulas esperando para levar os turistas através das trilhas daquela ilha.
Na Ilha de Nova Kameni existe até uma pequena praia, que atrai os turistas que querem sentir a sensação de estar tomando Sol no local da maior explosão vulcânica que já aconteceu no nosso planeta.
Casas e pousadas da Ilha de Santorini, na Grécia.

As pousadas e hotéis situados em Santorini dispõem de grandes comodidades, piscinas e uma vista privilegiada da grande cratera. Pessoas de todo o mundo procuram seus aposentos, para conhecer o que restou da antiga Ilha de Thera e ver as ruínas de Acrotíri, os objetos e as pinturas antigas, que foram delicadamente recuperados, e para tirar muitas fotos.
Hoje, o local daquela terrível tragédia geológica transformou-se numa das maiores atrações turísticas da Grécia e da Europa!
Modelo tirando fotos em Santorini, na Grécia.