domingo, 23 de abril de 2017

A terrível explosão que deu origem à lenda da Atlântida e do Dilúvio Universal


A terrível explosão do Vulcão de Thera:
Segundo afirmam alguns geólogos, a explosão na antiga Ilha de Thera, no Mar Mediterrâneo, ou a Erupção Minóica do Mar Egeu, foi a mais forte explosão que já aconteceu no Planeta Terra. Calcula-se que a explosão do grande vulcão que existia na Ilha de Thera, ocorrida aproximadamente no ano de 1.645 antes de Cristo, tenha sido quatro vezes maior do que aquela que ocorreu com o vulcão de Krakatoa, em 1883!
A grande explosão na Ilha de Thera abalou todo o Mar Egeu
Esta enorme explosão criou uma grande coluna de cinzas e fuligem que afetou culturas agrícolas até na China, na Fenícia e no Egito. Desintegrou o solo e o subsolo da Ilha de Thera, transformando-a  num arquipélago de cinco ilhas, conhecidas hoje como Arquipélago de Santorini, (Santa Irene, em italiano). 
Sua coluna de fumaça chegou até a estratosfera, e a onda sísmica criou várias ondas marinhas enormes e um tsunami que atingiu mais de 100 metros de altura. O tsunami criado pela explosão arrasou o litoral da Ilha de Creta, situado a cerca de 110 quilômetros de distância, destruindo parte da sua frota naval e contribuindo para a fase de decadência da Civilização Cretense.
As ondas sísmicas, a partir de Thera, chegaram até o Oriente Médio
Também provocou ondas enormes que invadiram o Delta do Rio Nilo e arrasaram com as culturas egípcias daquela rica região, causando fome e revoltas populares. A rica cidade portuária de Acrotíri, que ficava em Thera, foi totalmente destruída e a navegação pelo Mar Egeu ficou seriamente prejudicada durante muito tempo. Parecia que o mundo ia se acabar! Milhares de pessoas morreram, e o céu ficou totalmente escuro durante vários dias.
Esta terrível explosão do vulcão na Ilha de Thera não poderia mesmo ser apagada da memória e do imaginário popular dos povos da Idade do Bronze Grego, e que viviam nos litorais ao longo do Mar Mediterrâneo. Assim, começaram a aparecer algumas lendas antigas que contribuíram para enriquecer a Mitologia Grega, como a Lenda do Grande Dilúvio de Deucalião e a Lenda da Destruição da Atlântida.

Situação da ilha 3.600 anos depois:
A explosão vulcânica na ilha de Thera foi tão grande que explodiu e arrancou a parte central da ilha, mandando-a para o espaço, e formou uma imensa cratera que foi engolida pelas águas do Mar Egeu. Ainda hoje, 3.600 anos depois, podemos ver como ficou aquela região e as porções de terra que restaram da ilha.
Arquipélago de Santorini e a posição atual das duas Ilhas Kameni.
Atualmente, o turismo tomou conta daquele arquipélago formado por duas ilhas maiores e três pequenas ilhas, servindo como principal fonte de renda para os atuais moradores gregos. Excursões programadas levam os turistas para conhecer a cratera do vulcão, chamada de Nova Ilha Kammeni, e que vem crescendo cada vez mais, nos últimos 400 anos, uma vez que a atividade geológica do vulcão ainda continua! Grandes navios de turismo trazem pessoas de várias partes do mundo e, na borda daquela imensa cratera, foram construídas várias casas e pousadas para contemplação da Ilha Kammeni, situada no meio da cratera do antigo vulcão da Ilha de Thera.
Como a atividade do vulcão ainda não cessou, e chegou a cobrir de lava várias casas e um pequeno porto que existia na Ilha Kammeni, o Governo da Grécia proibiu a presença de moradores naquela ilha.
Igreja em Santorini e a Ilha de Kameni no meio da cratera.
Atualmente, o arquipélago chama-se Ilha de Santorini, e também possui um aeroporto para receber os turistas. Navios e escunas levam os excursionistas para percorrer a pé, ou no lombo de burros, a trilha que leva até a cratera ativa do vulcão que, de vez em quando, solta lavas e colunas de fumaça.
No litoral da Ilha Kammeni também existem fontes termais, no fundo do mar, que aquecem a água e permitem o banho coletivo dos turistas. Existe até uma pequena praia, na base da encosta da montanha, chamada de Praia Vermelha, por causa da coloração das suas rochas.

Origem de várias lendas:
As erupções do vulcão duraram cerca de três dias, e também foram acompanhadas por um grande terremoto e vários tremores de terra. As ondas sísmicas se espalharam por quase toda a região do Mar Mediterrâneo, afetando os moradores dos litorais da Anatólia, Grécia, Fenícia e Egito. Os tsunamis varreram a costa de várias ilhas do Arquipélago das Ilhas Cíclades, situadas ao norte do Mar Egeu.
Região do Mar Egeu onde ficam as Ilhas Cíclades.
Os moradores destas ilhas começaram então a contar histórias interessantes sobre estes fatos, que depois viraram lendas e foram incorporadas à lista de histórias da Mitologia Grega. As duas lendas mais famosas dizem respeito à Atlântida e ao Grande Dilúvio de Deucalião.
Segundo a lenda, a Atlântida teria sido uma maravilhosa ilha onde existia uma civilização extremamente evoluída. Muitos acham que foi o filósofo grego Platão quem primeiro escreveu sobre a Atlântida. Na verdade, o primeiro a escrever versos falando de Atlântida foi Sólon, famoso administrador de Atenas. Sólon ouviu falar da lenda da Atlântida quando viajou para a cidade de Saís, no Delta do Rio Nilo.
Saís foi uma das cidades que mais sofreram com os tsunamis provocados pela erupção do vulcão na Ilha de Thera, em 1.645 antes de Cristo. Um sacerdote de Saís, chamado Thereupon, contou para Sólon a lenda da destruição de uma grande ilha, no meio do oceano, chamada Atlântida.
Concepção artística de como os antigos imaginavam a Atlântida

Sólon resolveu então escrever alguns versos sobre esta história. Estes versos se perderam, mas a história prosseguiu e, anos mais tarde, chegou aos ouvidos de Crítias. Crítias era o tio-avô de Platão, ou um primo mais velho da sua mãe, e contou para Platão sobre os versos que Sólon tinha escrito a respeito de uma ilha misteriosa, no meio do mar, e que havia sido destruída por um grande cataclisma.
Platão ouviu aquela história e decidiu contá-la nos seus livros “Crítias” e “Timeu”, aonde ele narra os diálogos que teve com seu tio e outras pessoas. Foi assim que a lenda sobre a Ilha da Atlântida chegou até os nossos dias!
O Dilúvio de Zeus e Poseidon influenciou a lenda da Arca de Noé.
Quanto à história da arca construída por Deucalião e sua esposa Pirra, para se salvarem do grande dilúvio, ela é contada na Mitologia Grega, e deve ter influenciado a história bíblica da Arca de Noé.
Zeus, o maior de todos os deuses gregos, estava zangado com as atrocidades humanas, e decidiu destruir a espécie humana com um grande diluvio. Para isto, teve que pedir a ajuda do seu irmão Poseidon, o senhor dos mares, das tempestades e dos terremotos. Poseidon era adorado na Ilha de Creta. Acontece que o titã Prometeu não queria que seu filho Deucalião, (o mais justo dos homens), e sua esposa Pirra, (a mais virtuosa das mulheres), morressem neste grande dilúvio. Tratou então de aconselhá-los para que construíssem uma arca, que iria flutuar sobre as águas.
Monte Parnaso, perto de Delfos, foi onde parou a arca de Deucalião
Quando Zeus inundou a Terra, apenas o cume da Montanha Parnaso, que tem 2.460 metros de altura, ficou para fora. Segundo a Mitologia Grega, o Monte Parnaso, perto de Delfos, é uma das residências do Deus Apolo e das suas 9 musas! Foi no Monte Parnaso que a arca de Deucalião conseguiu abrigo. Deucalião e Pirra caminharam depois para o Templo de Têmis, que ficava no Monte Parnaso, onde consultaram a Deusa da Justiça sobre como deveriam proceder. Têmis lhes orientou para que jogassem várias pedras sobre os ombros, e assim eles fizeram. As pedras que Deucalião jogava transformavam-se em homens, e as pedras que Pirra jogava transformavam-se em mulheres. Assim, a Terra foi povoada novamente. A Mitologia fala que um dos filhos de Pirra com Deucalião foi Heleno, o mais antigo ancestral do povo grego.

Destruição do litoral norte de Creta e da Foz do Rio Nilo:
A erupção do vulcão na Ilha de Thera demorou 3 dias, antes de acontecer a grande explosão. Durante este tempo enormes ondas foram formadas, e aconteceu um grande terremoto, que causou um gigantesco tsunami com mais de 100 metros de altura! Estas ondas espalharam-se pelo Mar Mediterrâneo e atingiram outras ilhas e regiões importantes, tais como o litoral norte da Ilha de Creta e a foz do Rio Nilo.
Os cretenses formavam um povo alegre e festivo.
As cinzas e a fuligem, expelidas pelo vulcão, prejudicaram muito as plantações de várias regiões, provocando fome e revoltas populares!
A Civilização Cretense, também conhecida como Civilização Minoica, era formada por um povo alegre e festivo. Sua capital ficava na cidade de Cnossos, onde suas mulheres gostavam de exibir os seus seios nus e os palácios eram ricamente ornamentados.
Mulheres cretenses dentro do Palácio Real do Rei Minas, em Cnossos.
Os navios cretenses transportavam artigos por quase todo o Mediterrâneo e chegava até a Sicília e o Egito. Eles transportavam produtos como o azeite, vinho, cerâmicas, joias e tecidos. A escrita usada pelos comerciantes e eruditos minóicos, a Lineal A, infelizmente ainda não foi decifrada!
Na Ilha de Creta, situada a cerca de 110 quilômetros de Thera, as grandes ondas começaram a chegar cerca de 40 minutos depois das primeiras explosões! Isto causou a destruição da frota naval e das construções situadas ao longo do litoral norte cretense. As cinzas lançadas pelo vulcão de Thera cobriram os campos, destruindo as lavouras. Muitas pessoas morreram e muitas plantações foram destruídas, contribuindo assim para o enfraquecimento da economia e do poderio naval minoico.
Príncipe de Cnossos retratado num afresco
Creta estava passando por um período de decadência, e Thera era uma das suas principais colônias! Os anos foram passando, mas Creta não conseguiu mais recuperar o seu antigo apogeu, ficando cada vez mais fraca, o que facilitou a sua invasão pelos povos aqueus, vindos do norte e do continente grego, por volta de 1450 antes de Cristo.
Os povos aqueus formavam uma aristocracia de guerreiros experientes, cuja capital ficava na cidade de Micenas. Outras importantes cidades da civilização micênica eram Tirinto, Pilos e Argos. Depois da destruição de Creta, e da sua capital Cnossos, durante a Idade do Bronze Grego, a cidade de Micenas transformou-se na mais importante da Grécia, por um período de mais de 300 anos.
As grandes ondas também atingiram o Egito, e os litorais da Fenícia e da Anatólia. No Vale do Rio Nilo, as ondas chegaram com menos intensidade do que em Creta, mas apresentavam uma grande altura, com cerca de 20 metros, que foi suficiente para invadir o vale e destruir casas e plantações. As cinzas cobriram os campos e destruíram a água usada nas lavouras. Isto causou fome e a revolta da população, o que contribuiu para o enfraquecimento do poder do faraó da décima quinta dinastia egípcia.
Plantações na Planície do Delta do Rio Nilo foram atingidas pelo tsunami
O Egito tornou-se uma potencia mais fraca, o que contribuiu para a invasão definitiva dos Povos Hicsos, vindos do Oriente Médio, da região de Canaã. Os povos hicsos eram vistos com  um certo preconceito pelos nativos egípcios, pois estes os tratavam com maldade e os chamavam pejorativamente de “vagabundos das areias”. Os hicsos começaram a invadir o Baixo Egito por volta de 1.750 antes de Cristo, em busca de alimentos, e foram se instalando gradativamente naquela região.
Com os acontecimentos causados pelos tsunamis, que destruíram o Delta do Nilo, os hicsos aproveitaram para tomar o poder e implantar a sua dinastia, que durou quase 200 anos, e ficou conhecida como a décima sexta dinastia do Egito! Sua capital foi implantada na cidade de Aváris, no lado leste do Delta do Rio Nilo.

Continuação da atividade eruptiva do vulcão de Santorini:
Ocorrida por volta de 1.645 antes de Cristo, a Erupção de Thera, ou Explosão Minóica, no Mar Egeu, foi a mais forte explosão já vista na Terra! Gerou maremotos, tremores de terra, terremotos e um forte tsunami que varreu o litoral de várias das ilhas do Arquipélago das Ilhas Cyclades e chegou até o litoral do Egito.
A erupção, que durou 3 dias, também derramou muita lava, provocou muitas nuvens de cinzas e fuligem que destruíram plantações na Europa, no Oriente e até na China! A cidade de Acrotíri, capital de Thera, e o seu próspero porto, também foram imediatamente destruídos e soterrados pelas lavas e cinzas do vulcão. A explosão da boca do vulcão provocou a destruição de quase toda a Ilha de Thera, deixando apenas uma grande cratera e algumas pequenas ilhas, que hoje formam o arquipélago de Santorini. Com o passar dos anos, apareceram duas pequenas ilhas, no meio da cratera formada por aquela terrível explosão.
Vista aérea da Ilha de Nova Kameni, em Santorini
Estas duas ilhas são o resultado da atividade eruptiva e do derrame de lava do vulcão, que ainda está ativo! Elas se chamam Velha Kameni e Nova Kameni, e recebem a visita de centenas de turistas todos os meses.
Segundo afirmam alguns geólogos, antes desta terrível explosão, já haviam ocorrido 12 importantes fases eruptivas na Ilha de Thera. Entretanto, nos últimos 400 anos, a ilha Nova Kameni foi ficando cada vez maior. Durante o século XIX, entre 1866 e 1870, Santorini apresentou erupções de lava consideráveis que destruíram as casas de um pequeno porto construído na Ilha de Nova Kameni, onde fica a boca do vulcão.
Os turista caminham pelas trilhas que levam até a cratera do vulcão de Nova Kameni, em Santorini, na Grécia.

Em agosto de 1925 o vulcão voltou a ficar ativo e, durante 6 meses, houve derramamento de lava, formação de gêiseres e vapores, e também uma grande coluna de fumaça, com 3,5 quilômetros de altura. Isto levou o Governo da Grécia a proibir a presença de pessoas naquela ilha durante a noite. Várias erupções e derrames de lava também ocorreram no final da década de 30.
Aparelho registrando os sismos da cratera de Santorini
Nos dias de hoje, apesar do vulcão estar mais inativo, ele pode acordar a qualquer momento para iniciar um novo ciclo de erupções, motivo pelo qual as autoridades estão instalando sismógrafos e diversos aparelhos que medem o seu comportamento, a fim de providenciar uma possível retirada da população da Ilha de Santorini.

Atividade turística em Santorini:
Enquanto uma nova tragédia não acontece em Santorini, os turistas vão aproveitando para conhecer melhor a ilha que está se formando no interior daquela grande cratera. No norte da Ilha de Nova Kameni existem fontes de águas termais, que brotam do fundo do mar e formam as águas quentes, propiciando o banho coletivo. Este local, onde a água do mar é mais escura, é chamado de “Águas Vermelhas”.
Banho coletivo dos turistas nas águas quentes de Nova Kameni.


Os barcos e escunas trazem os turistas, que ficam hospedados em Santorini, para conhecer a cratera do vulcão e ver de perto a atividade que ainda existe no seu interior. Excursões são planejadas antecipadamente e já existem até cavalos e mulas esperando para levar os turistas através das trilhas daquela ilha.
Na Ilha de Nova Kameni existe até uma pequena praia, que atrai os turistas que querem sentir a sensação de estar tomando Sol no local da maior explosão vulcânica que já aconteceu no nosso planeta.
Casas e pousadas da Ilha de Santorini, na Grécia.

As pousadas e hotéis situados em Santorini dispõem de grandes comodidades, piscinas e uma vista privilegiada da grande cratera. Pessoas de todo o mundo procuram seus aposentos, para conhecer o que restou da antiga Ilha de Thera e ver as ruínas de Acrotíri, os objetos e as pinturas antigas, que foram delicadamente recuperados, e para tirar muitas fotos.
Hoje, o local daquela terrível tragédia geológica transformou-se numa das maiores atrações turísticas da Grécia e da Europa!
Modelo tirando fotos em Santorini, na Grécia.




segunda-feira, 25 de julho de 2016

Bobby Fischer, campeão mundial de xadrez



Bobby Fischer, campeão mundial de xadrez de 1971:

Robert James Fischer foi o mais famoso enxadrista profissional dos EUA. Nasceu em março de 1943, na cidade de Chicago. Quando era criança, sua irmã mais velha lhe ensinou a jogar xadrez, e ele não parou mais, tornando-se um gênio precoce. Com 13 anos de idade já disputava torneios importantes nos Estados Unidos e, com apenas 15 anos de idade, conseguiu o título de Grande Mestre de Xadrez.

O xadrez é um jogo fascinante, disputado por apenas dois jogadores, requer um grande esforço de concentração e uma grande dose de intuição e previsão de jogadas antecipadas. Os grandes mestres de xadrez decoram as principais jogadas dos antigos campeões e passam a utilizar variáveis durante as suas partidas. Existem grandes clubes de jogadores profissionais no mundo inteiro como, por exemplo, em Nova York, onde Bobby Fischer foi morar quando ainda era criança.
Bobby tinha um grande cociente intelectual que, segundo alguns pesquisadores, foi classificado como sendo de 187, comparável ao dos maiores gênios. Mas, o esforço que fazia para derrotar os maiores mestres internacionais acabou por lhe prejudicar a mente, e ele começou a demonstrar alguns problemas de paranoia, quando atingiu uma idade mais madura.


Bobby Fischer venceu o famoso mestre enxadrista russo Boris Spassky, em 1972, numa série de 24 partidas que ficaram famosas no mundo do xadrez. As partidas foram usadas como propaganda pelo Governo dos Estados Unidos para provar a superioridade americana durante o auge da chamada Guerra Fria, entre a URSS e os EUA.

Depois de disputar muitas partidas, Bobby Fischer resolveu abandonar o xadrez profissional em 1966, quando estava com apenas 24 anos. Mas, subitamente ressurge, em 1970, declarando que tinha vontade de derrotar os campeões russos. Obteve sucesso com o seu plano e chegou às finais do campeonato mundial, disputado na Islândia, em dezembro de 1971. A disputa final chamou muito a atenção da imprensa mundial, que estampava manchetes de capa nas principais revistas do mundo inteiro!
Bobby Fischer conseguiu derrotar o russo Boris Spassky em 1972, em Reykjavik, na Islândia, usando como tática um jogo que não estava previsto, ou seja, ele começava suas partidas de maneira improvisada e depois partia para o ataque final. Seu sexto jogo contra Spassky é considerada a melhor partida de xadrez da história! Ele tinha então apenas 29 anos de idade!
Depois do mundial Fischer começou a apresentar maiores problemas mentais e ele parou de jogar profissionalmente. Muitos afirmam que o maior motivo foi porque ele também não conseguia mais o patrocínio financeiro que desejava. O maior enxadrista do Brasil, Henrique da Costa Mecking, conhecido como “Mequinho”, conseguiu empatar uma partida de xadrez contra Bobby Fischer, jogando no torneio de Buenos Aires.
Bobby Fischer naturalizou-se islandês e seu rival Boris Spassky naturalizou-se francês. Depois disso Fischer passou a fazer declarações polêmicas, contra o Governo dos Estados Unidos, e chegou até a ser preso no Japão.


Fischer foi casado com a japonesa Miyoko Watai, entre 2004 e 2008. Após sua morte na Islândia, em janeiro de 2008, quando estava com apenas 64 anos de idade, sua esposa, que também sabia jogar xadrez, ficou com a sua herança. Seu grande rival de 1971, Boris Spassky, ainda permanece vivo e, de vez em quando, ainda joga uma partidinha de xadrez!

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Caral, a primeira cidade-estado construída na América



                                  Caral, a cidade-estado mais antiga das Américas:

Centenas de anos antes de aparecerem as grandes civilizações dos incas, dos maias e dos astecas, na América Latina, existiu outra antiga civilização, situada na planície litorânea do Rio Supe, ao norte de Lima, no Peru, e que é considerada atualmente a primeira grande civilização complexa e organizada das Américas, a civilização mãe de todas as outras que apareceram depois, aqui na América.
A cidade-estado de Caral-Supe foi o centro de uma grande região situada ao longo do Vale do Rio Supe, que ia desde o litoral até o interior, nos sopés das montanhas dos Andes. Esta região foi povoada por agricultores e possuía cerca de 30 outros centros populacionais. Dentre estes, cerca de 18 centros também eram considerados sagrados e cerimoniais.
Contemporânea dos grandes impérios existentes em outros continentes, como a Civilização Egípcia e a Civilização da Suméria, esta grande civilização tinha na cidade-estado de Caral, o seu maior centro administrativo e religioso. Segundo as datações feitas em 2004, com o uso de radio-carbono, a Civilização de Caral foi formada pelos antigos agricultores que vieram se estabelecer nesta região, situada a cerca de 200 quilômetros ao norte da atual cidade de Lima, por volta de 3.500 anos antes de Cristo!
Naquela época o clima era diferente, e existiam cerca de 50 rios que carregavam toda a água proveniente do degelo andino para o litoral peruano. O uso destas fontes de água permitiu o desenvolvimento de uma agricultura irrigada e os agricultores puderam cultivar alimentos e plantas, tais como o feijão, a abóbora, a goiaba e o algodão. Mas, estranhamente, eles não cultivavam o milho. Eles faziam longos canais de irrigação usando como matéria prima as pedras que encontravam pela região. Existia também um intenso comércio entre os habitantes das aldeias situadas no vale. Os comerciantes levavam peixes e mariscos do litoral para o interior e traziam os tecidos feitos nas aldeias do interior do vale.
A cidade de Caral, que era um centro administrativo e religioso, foi contemporânea dos primeiros grandes impérios existentes em outros continentes, como a Civilização Egípcia, a Civilização da Suméria, e a Civilização da Ilha de Creta. Esta cidade-estado chegou a ter cerca de 30.000 habitantes e existiu no período entre 3.000 até 1.800 anos antes de Cristo! A cidade viveu o seu apogeu por volta de 2.620 a.C. Hoje, Caral é considerada pela UNESCO um Patrimônio Cultural da Humanidade.
Historicamente, a região do Vale do Rio Supe começou a ser estudada em 1905, quando Max Uhle fez algumas escavações, a cerca de 20 quilômetros daquele local. Posteriormente, em 1949, o viajante Paul Kosok e o arqueólogo americano Richard Schaedel visitaram aquelas ruínas que, naquela época, já eram conhecidas pelo nome de “Chupacigarro Grande”. Mas, o primeiro arqueólogo a realizar algumas escavações foi o francês Frederic Angel, em 1979. Ele descobriu que a cidade de “Chupacigarro Grande” foi construída por uma população que ainda não conhecia a cerâmica!
Somente em 1996 a arqueóloga peruana Ruth Shady, da Universidade Maior de San Marcos, realizou eficientes escavações naquelas ruínas e constatou a existência de uma grande cidade-estado. Ela apresentou o seu relatório em 1997, intitulado “A cidade sagrada de Caral-Supe”. Suas descobertas encantaram o mundo da arqueologia, e atualmente ela é a encarregada das principais escavações, que prosseguem na região de Caral-Supe.
Caral está localizada a 23 quilômetros da costa do Pacífico e possui uma área de 65 hectares. Várias pirâmides e templos em ruínas ainda hoje enfeitam aquele lugar, que se transformou em mais uma atração turística do Peru. A arrecadação feita com o turismo está sendo usada para continuar as escavações e estudos na região. Segundo afirmam alguns arqueólogos a cidade de Caral chegou a ter cerca de 30.000 habitantes, e eles tinham bons conhecimentos de geometria, matemática, música, agronomia, astronomia e técnicas de construção. A cidade ocupava uma área de 65 hectares. Muito provavelmente os seus habitantes falavam um idioma parecido com o quíchua.
Segundo os estudos e as datações, feitas com o uso do radio-carbono, os primeiros agricultores se estabeleceram ao longo do Vale do Rio Supe por volta de 3.500 antes de Cristo! Eles construíram longos canais de irrigação para aproveitar as águas dos rios e do degelo das neves das montanhas dos Andes. Estas técnicas de irrigação foram depois passadas para outras cidades que apareceram depois.
Em Caral foram construídas algumas pirâmides que chegavam a ter cerca de 18 metros de altura! Como ainda não conheciam a roda, as pedras eram arrastadas com o uso de areia e grandes cestos de palha trançada. Na área central da cidade ficavam os prédios públicos, os templos e as casas da elite. Na periferia ficavam as casas da população mais humilde.
Segundo a arqueóloga Ruth Shady, por volta de 1.950 a.C. aconteceu uma forte mudança climática naquela região que se manifestou primeiro através de terremotos intensos e inundações. Depois veio a seca prolongada, que fez com que a areia invadisse os campos de cultivo e formasse grandes dunas de areia no Vale do Rio Supe. Aos poucos a areia foi invadindo os canais de irrigação, as plantações foram prejudicadas e foram desaparecendo.
Os caralinos foram sofrendo com a fome, a seca, as doenças e a extinção dos rios. Por isso resolveram abandonar aquela região, por volta de 1.800 a.C, e emigrar para outras áreas mais férteis e onde já existiam outros centros populacionais, levando consigo a cultura e as técnicas de irrigação desenvolvidas em Caral-Supe.
 Até hoje o idioma mais falado pelos índios e seus descendentes, nas montanhas dos Andes, é o quíchua. Ele é falado por cerca de 15 milhões de pessoas nas montanhas do Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, Argentina e norte do Chile. O idioma quíchua pertence ao ramo linguístico Aimará, que é a segunda língua mais falada, adotada por cerca de 2,5 milhões de pessoas. Na figura abaixo vemos uma menina indígena, descendente dos incas, ao lado de uma alpaca, animal típico das montanhas dos Andes, na América do Sul.