sexta-feira, 1 de julho de 2016

Caral, a primeira cidade-estado construída na América



                                  Caral, a cidade-estado mais antiga das Américas:

Centenas de anos antes de aparecerem as grandes civilizações dos incas, dos maias e dos astecas, na América Latina, existiu outra antiga civilização, situada na planície litorânea do Rio Supe, ao norte de Lima, no Peru, e que é considerada atualmente a primeira grande civilização complexa e organizada das Américas, a civilização mãe de todas as outras que apareceram depois, aqui na América.
A cidade-estado de Caral-Supe foi o centro de uma grande região situada ao longo do Vale do Rio Supe, que ia desde o litoral até o interior, nos sopés das montanhas dos Andes. Esta região foi povoada por agricultores e possuía cerca de 30 outros centros populacionais. Dentre estes, cerca de 18 centros também eram considerados sagrados e cerimoniais.
Contemporânea dos grandes impérios existentes em outros continentes, como a Civilização Egípcia e a Civilização da Suméria, esta grande civilização tinha na cidade-estado de Caral, o seu maior centro administrativo e religioso. Segundo as datações feitas em 2004, com o uso de radio-carbono, a Civilização de Caral foi formada pelos antigos agricultores que vieram se estabelecer nesta região, situada a cerca de 200 quilômetros ao norte da atual cidade de Lima, por volta de 3.500 anos antes de Cristo!
Naquela época o clima era diferente, e existiam cerca de 50 rios que carregavam toda a água proveniente do degelo andino para o litoral peruano. O uso destas fontes de água permitiu o desenvolvimento de uma agricultura irrigada e os agricultores puderam cultivar alimentos e plantas, tais como o feijão, a abóbora, a goiaba e o algodão. Mas, estranhamente, eles não cultivavam o milho. Eles faziam longos canais de irrigação usando como matéria prima as pedras que encontravam pela região. Existia também um intenso comércio entre os habitantes das aldeias situadas no vale. Os comerciantes levavam peixes e mariscos do litoral para o interior e traziam os tecidos feitos nas aldeias do interior do vale.
A cidade de Caral, que era um centro administrativo e religioso, foi contemporânea dos primeiros grandes impérios existentes em outros continentes, como a Civilização Egípcia, a Civilização da Suméria, e a Civilização da Ilha de Creta. Esta cidade-estado chegou a ter cerca de 30.000 habitantes e existiu no período entre 3.000 até 1.800 anos antes de Cristo! A cidade viveu o seu apogeu por volta de 2.620 a.C. Hoje, Caral é considerada pela UNESCO um Patrimônio Cultural da Humanidade.
Historicamente, a região do Vale do Rio Supe começou a ser estudada em 1905, quando Max Uhle fez algumas escavações, a cerca de 20 quilômetros daquele local. Posteriormente, em 1949, o viajante Paul Kosok e o arqueólogo americano Richard Schaedel visitaram aquelas ruínas que, naquela época, já eram conhecidas pelo nome de “Chupacigarro Grande”. Mas, o primeiro arqueólogo a realizar algumas escavações foi o francês Frederic Angel, em 1979. Ele descobriu que a cidade de “Chupacigarro Grande” foi construída por uma população que ainda não conhecia a cerâmica!
Somente em 1996 a arqueóloga peruana Ruth Shady, da Universidade Maior de San Marcos, realizou eficientes escavações naquelas ruínas e constatou a existência de uma grande cidade-estado. Ela apresentou o seu relatório em 1997, intitulado “A cidade sagrada de Caral-Supe”. Suas descobertas encantaram o mundo da arqueologia, e atualmente ela é a encarregada das principais escavações, que prosseguem na região de Caral-Supe.
Caral está localizada a 23 quilômetros da costa do Pacífico e possui uma área de 65 hectares. Várias pirâmides e templos em ruínas ainda hoje enfeitam aquele lugar, que se transformou em mais uma atração turística do Peru. A arrecadação feita com o turismo está sendo usada para continuar as escavações e estudos na região. Segundo afirmam alguns arqueólogos a cidade de Caral chegou a ter cerca de 30.000 habitantes, e eles tinham bons conhecimentos de geometria, matemática, música, agronomia, astronomia e técnicas de construção. A cidade ocupava uma área de 65 hectares. Muito provavelmente os seus habitantes falavam um idioma parecido com o quíchua.
Segundo os estudos e as datações, feitas com o uso do radio-carbono, os primeiros agricultores se estabeleceram ao longo do Vale do Rio Supe por volta de 3.500 antes de Cristo! Eles construíram longos canais de irrigação para aproveitar as águas dos rios e do degelo das neves das montanhas dos Andes. Estas técnicas de irrigação foram depois passadas para outras cidades que apareceram depois.
Em Caral foram construídas algumas pirâmides que chegavam a ter cerca de 18 metros de altura! Como ainda não conheciam a roda, as pedras eram arrastadas com o uso de areia e grandes cestos de palha trançada. Na área central da cidade ficavam os prédios públicos, os templos e as casas da elite. Na periferia ficavam as casas da população mais humilde.
Segundo a arqueóloga Ruth Shady, por volta de 1.950 a.C. aconteceu uma forte mudança climática naquela região que se manifestou primeiro através de terremotos intensos e inundações. Depois veio a seca prolongada, que fez com que a areia invadisse os campos de cultivo e formasse grandes dunas de areia no Vale do Rio Supe. Aos poucos a areia foi invadindo os canais de irrigação, as plantações foram prejudicadas e foram desaparecendo.
Os caralinos foram sofrendo com a fome, a seca, as doenças e a extinção dos rios. Por isso resolveram abandonar aquela região, por volta de 1.800 a.C, e emigrar para outras áreas mais férteis e onde já existiam outros centros populacionais, levando consigo a cultura e as técnicas de irrigação desenvolvidas em Caral-Supe.
 Até hoje o idioma mais falado pelos índios e seus descendentes, nas montanhas dos Andes, é o quíchua. Ele é falado por cerca de 15 milhões de pessoas nas montanhas do Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, Argentina e norte do Chile. O idioma quíchua pertence ao ramo linguístico Aimará, que é a segunda língua mais falada, adotada por cerca de 2,5 milhões de pessoas. Na figura abaixo vemos uma menina indígena, descendente dos incas, ao lado de uma alpaca, animal típico das montanhas dos Andes, na América do Sul.





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