O
começo da Idade dos metais na região do Mar Mediterrâneo:
Uma
importante invenção humana foi o uso dos metais, que começou por volta de
10.000 anos antes de Cristo. Inicialmente o homem descobriu a metalurgia do
chumbo e do cobre, minerais relativamente abundantes naquela época. Depois
descobriu que, misturando o cobre com o estanho, principalmente, podia obter
uma liga metálica mais dura e resistente, a qual deu o nome de bronze. Os
primeiros artigos feitos com o bronze eram caros, considerados como produtos de
luxo, e somente determinadas pessoas tinham condições de possuí-los! A mistura
do cobre com o zinco dava o latão, outra importante liga usada primeiramente
para se produzir objetos domésticos, como tachos e bacias.
O bronze é uma liga de
cobre com o metal estanho, ou também uma liga de cobre com um metalóide chamado
arsênio. O bronze de cobre-arsênio começou a ser fabricado primeiro, por volta
de 4.500 a .C, mas o trabalho com o arsênio não era seguro, uma vez que ele é
venenoso, podendo até ter sido o primeiro “mal industrial” a atormentar o
homem! Assim, a liga cobre-arsênio foi sendo substituída pela liga de cobre-estanho,
que passou a dominar totalmente a produção do bronze a partir de 3.200 a .C.
A liga
de bronze de cobre-estanho contém cerca de 10% de estanho. Mas, o estanho é
cerca de 15 vezes mais raro do que o cobre e, lá pelo ano 2.400 a .C, já era
difícil encontrá-lo no Oriente Médio. O estanho começou a escassear também no
leste do Mediterrâneo, obrigando os navios a irem buscá-lo em lugares
distantes, como na Espanha e nas Ilhas Britânicas. Foi a primeira vez que houve
o esgotamento permanente de um recurso mineral, numa grande região, causado
pela ação do homem!
Pode-se
também acrescentar outros minerais na liga de cobre-estanho, como alumínio ou
níquel, visando com isto tornar o bronze mais leve ou mais resistente. Estas
técnicas de produção eram segredos de fabricação que eram guardados pelos
mestres ferramenteiros de diferentes povos da antiguidade. Muitos se
especializavam na produção de determinadas armas, ou na produção de
determinados artefatos necessários nas construções, no campo, na culinária, nos
transportes, enfim, o bronze tinha muitas aplicações!
A idade do bronze foi
marcada pela busca dos metais, dos quais ele era feito, em diversas localidades,
principalmente na Europa, na África e no Oriente Médio. Alguns dos antigos
impérios, como o Egito e a Babilônia, controlavam as rotas de navegação pelo
Mar Mediterrâneo e comandavam a procura por estes metais. O estanho era o metal
mais difícil de ser conseguido e geralmente era retirado da cassiterita.
Os povos vassalos e
vizinhos dos egípcios e babilônios dependiam do fornecimento destes metais para
fabricar o bronze. Mas estes minérios começaram a escassear, o que tornou as
viagens cada vez mais longas e custosas!
O Mar Mediterrâneo
transformou-se no grande palco das principais rotas de navegação daquela época.
A Ilha de Creta ficava no sul da Grécia, bem no meio das grandes rotas de
navegação. Os cretenses criaram uma grande civilização, por volta de 2.000 anos
a.C, e monopolizaram as rotas de navegação pelo Mar Egeu, onde ficavam as ilhas
gregas, como por exemplo as Cíclades. Eles foram contratados pelos faraós do
Egito para trazer o cedro do Líbano, uma madeira muito valorizada naquela
época.
As maiores cidades
cretense foram inicialmente Cnossos e Faístos, mas elas foram destruídas por um
grande cataclisma em 1.750 a.C, provavelmente um terremoto. Em 1.700 a.C, o rei
de Cnossos resolveu reconstruir a cidade e o seu palácio. Cnossos passou a ser
a capital da ilha e o palácio passou a ser procurado por comerciantes de todo o
Mediterrâneo. Ele ficou conhecido como o Palácio do Rei Minos, tinha muitos
aposentos e amplas salas que serviam de armazém para os valorizados produtos
produzidos pelos cretenses. Os cretenses eram hábeis artesãos e desenvolveram
uma arte muito apreciada pelos comerciantes daquela época.
Os
cretenses gostavam muito de touradas e diz a lenda que, nos subterrâneos do
Palácio do Rei Minos, existia um labirinto habitado pelo Minotauro, um monstro
antropófago que tinha a cabeça de um touro e o corpo de um homem! É claro que a
lenda fez sucesso e se espalhou, chegando até os dias de hoje!
As mulheres
de Cnossos usavam longos vestidos e algumas deixavam os seios à mostra, para o
encanto dos marinheiros que aportavam em Creta. Cnossos dominou as navegações
pelo Mar Egeu até ser destruída, em 1.400 a.C, pelos aqueus, povos vindos do
norte da Grécia. Após sua destruição, os fenícios, que habitavam antigas
cidades do litoral do Líbano, passaram a exercer o monopólio do comércio e das
navegações por todo o Mar Mediterrâneo.
Por volta de 1750 a.C, os Hicsos, povo nômade
vindo da Ásia, invadiram o Egito sem encontrar muita resistência, com armas de
bronze e carros de combate puxados por cavalos, um animal desconhecido no Egito
até aquela época. Os carros de combate dos hicsos levavam um ou dois arqueiros
e precediam, na batalha, os soldados à pé, com a finalidade de romper as forças
inimigas.
Os
hicsos permaneceram 180 anos no delta do Nilo, no norte do Egito, e fundaram
sua capital em Ávaris, na região onde atualmente está a cidade de Tanis. Eles
conviveram com os egípcios, sem muitas escaramuças, por cerca de 100 anos até
que, em 1670 a .C, resolveram dominar todo o Egito. A partir de 1600 a .C eles
foram atacados pela dinastia aristocrática e nativa do Egito, que ainda
resistia mais ao sul, na cidade de Tebas.
Os cretenses e fenícios
eram grandes navegadores e trabalhavam para outros reinos! Foi comprovado que
os fenícios foram os primeiros a navegar ao redor do Continente Africano, a
serviço do faraó egípcio Necho II, por volta de 600 a .C, numa viagem de
circunavegação que durou três anos! Durante a viagem, eles paravam no litoral e
cultivavam a terra, para obter alimentos e prosseguir na jornada. Os fenícios
foram comandados por Hamon, um experiente navegador que saiu do Mar Vermelho,
contornou a África, e voltou ao Egito pelo Mar Mediterrâneo!
Alguns estudiosos
especulam que os fenícios podem ter chegado até a América, usando rotas de
navegação secretas e desconhecidas pela maioria dos navegadores! Eles tinham o
costume de viajar para países distantes, em busca de metais e pedras preciosas.
Os fenícios foram os
maiores navegadores da antiguidade e tinham muitos entrepostos comerciais, ao
longo do litoral do Mediterrâneo, que se transformaram em grandes cidades, como
Cartago, no norte da África, que foi um dos maiores impérios da antiguidade.
Foram os sumérios quem inventaram a escrita, a cerca de 3.600 anos a.C, para o
registro das suas transações comerciais, mas foram os fenícios quem inventaram
o alfabeto ligado aos sons, isto é, cada símbolo representando um tipo de som!
O ferro
foi outro metal que começou a ser usado pelos homens da antiguidade algum tempo
depois. O ferro existia em grande quantidade mas, no começo da sua fabricação,
ele não tinha muita resistência, porque os homens não tinham descoberto ainda a
melhor maneira de prepará-lo. Mas, por volta de 1.350 antes de Cristo, os
Cálibes, um povo que vivia na região da Cáldia, no sul do Mar Negro, perto das montanhas do Cáucaso,
conseguiram descobrir o segredo da metalurgia do ferro. Eles finalmente
conseguiram produzir artigos de ferro superiores aos artigos produzidos com o
bronze. As armas, ferramentas e outros instrumentos, produzidos com o ferro dos
Cálibes, eram bem mais resistentes e duráveis! Os cálibes também eram chamados de Caldios!
Acontece que os Cálibes
eram vassalos dos hititas que, naquela época, já tinham um grande império e
dominavam quase toda a região da Anatólia, (atual Turquia). Assim, os hititas
se apossaram dos segredos da metalurgia do ferro e começaram também a fabricar
armas mais resistentes, com as quais passaram a guerrear com os seus vizinhos!
Assim como os hicsos, os hititas foram um dos primeiros povos da antiguidade a
usar carros puxados por cavalos, nas guerras que faziam. Mas, os aros das rodas
dos carros dos hititas eram mais resistentes, pois eram feitos de ferro!
Naquela
época os arados e as carroças mais pesadas eram geralmente puxados por bois,
enquanto que os cavalos eram usados no transporte leve e rápido. Os egípcios
usavam uma biga leve, feita de madeira, que era puxada por cavalos e alcançava
uma grande velocidade.
Os hititas foram grandes inimigos dos egípcios
e travaram a célebre Batalha de Kadesh, no ano de 1.296 a .C, com o famoso
faraó Ramsés II, cujo corpo foi mumificado e repousa hoje no Museu do Cairo. A
batalha terminou empatada, mas serviu para os hititas interromperem o
expansionismo egípcio de Ramsés II sobre o seu império.
O faraó
egípcio Ramsés II, o mesmo que expulsou Moisés do Egito, foi a primeira
personalidade pública da história a se utilizar da propaganda para enaltecer a
sua pessoa! Ele mandou gravar nas paredes dos templos o seu desempenho heróico
na Batalha de Kadesh.
Porém,
o Império Hitita não durou muito tempo! Conflitos internos e ameaças
exteriores, principalmente de uma coligação de povos e piratas mediterrâneos,
chamados “Povos do Mar”, por volta de 1.200 a .C, levaram o império à extinção.
E o segredo da metalurgia do ferro acabou se espalhando por todo o Oriente e
pela Europa.
Os
velhos e grandes impérios daquela época, que possuíam realezas mercantis
baseadas no comercio e controle das rotas marítimas que transportavam os
minerais, dos quais os artigos de bronze eram feitos, viram-se, de uma hora
para outra, perdendo o controle dos seus vizinhos e estados vassalos, que
passaram a adotar a metalurgia do ferro. O ferro
é um mineral muito mais abundante e fácil de ser trabalhado. Os estados vassalos
passaram a se afastar gradativamente do Egito e da Babilônia, a partir do
século XII a.C, uma vez que a metalurgia do ferro podia ser desenvolvida em
vários lugares, com recursos próprios, tornando assim desnecessária a
manutenção das rotas de comércio à longa distância, dominadas pelos grandes
impérios, para buscar os minerais raros. Os estados vassalos
começaram a usar armas mais resistentes, feitas de ferro, e chegaram a ameaçar
até a hegemonia do Egito e da Babilônia, pois estes antigos impérios ainda
mantiveram, por algum tempo, o uso da liga de bronze na confecção das suas
armas.
Quero lhes agradecer por
terem me acompanhado até aqui, e também quero lhes explicar que o estudo destas
civilizações se faz necessário porque precisamos entender a natureza agressiva
e destruidora do ser humano, ao longo da história, para não cometermos os
mesmos erros do nosso passado. Estes erros podem ser prejudiciais para a
constituição de um novo tipo de organização social, mais justa, feliz e
igualitária.
Fiquem na paz!
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