quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A República de Libertália



                                       A República de Libertália:

A Ilha de Madagascar fica no Oceano Índico, na costa Oriental da África, sendo considerada uma das maiores ilhas marítimas do mundo! Ela também possui uma rica tradição cultural, que vem desde a época em que recebeu os primeiros colonos malaio-polinésios, procedentes do Oceano Pacífico, à cerca de 2.000 anos atrás! Eles introduziram na ilha o cultivo da banana, do coco, da fruta-pão, do arroz, da cana-de-açúcar, do inhame, etc. Estas culturas agrícolas se espalharam depois pelo resto do continente africano.
A partir do século X, começaram a aparecer em Madagascar os comerciantes árabes, que batizaram a ilha de “Jazeera al Gamar”, que significa “Ilha da Lua”. Em 1500 chegaram os portugueses, comandados pelo navegador Diogo Dias, que rebatizou a ilha como Ilha de São Lourenço.
Durante os séculos XVI e XVII Madagascar serviu de refúgio para muitos piratas que encontraram ali, e em outras pequenas ilhas do norte de Madagascar, hoje conhecidas como Arquipélago das Comores e Arquipélago das Seychelles, um paraíso para o seu descanso e refúgio!

Na Ilha de Sainte Marie, na costa nordeste de Madagascar, se refugiaram alguns dos piratas mais famosos daquela época, como William Kidd, John Avery, Thomas Tew, Christophe Condent, Oliver Vasseur e o pirata inglês Adam Baldridge.
Em 1625 foi Criado o Reino de Merino, que unificou a parte central da Ilha de Madagascar e fundou a capital em Antananarivo, (vejam no mapa). A dinastia dos merinos foi marcada pela perseguição aos europeus, cristãos e missionários. Seu principal monarca foi Radama I, que obteve o controle de toda a ilha, e governou de 1810 até 1828. Ele expulsou e matou muitos europeus. Mas, em 1885 a França derrotou a rainha nativa Ranavalona III e fez da Ilha de Madagascar uma colônia francesa.
Atualmente cerca de 90% da mata da ilha de Madagascar já foi devastada, infelizmente, e um dos maiores problemas do país é a erosão! Apesar disso, Madagascar ainda tem uma das maiores diversidades da flora e da fauna em todo o planeta, abrigando milhares de espécies de pássaros, répteis e anfíbios! Os lêmures são primatas característicos desta ilha. A ilha tem os maiores depósitos de titânio do mundo, mas faltam recursos para explorá-los. A maioria da população segue a religião católica ou protestante.
Na Ilha de Madagascar existe uma lenda muito interessante sobre a fundação de uma república utópica e independente, por piratas do Oceano Índico, na Ilha de Sainte Marie, no ano de 1695, e que se chamou “República de Libertália”.
Libertália foi fundada pelo pirata francês François Mission, que também obteve a ajuda de um padre italiano, na parte ideológica, chamado Angelo Carraccioli. Eles se cansaram de guerrear nos mares, e então decidiram fundar uma sociedade utópica, na Baía de Diego Suarez, na Ilha de Santa Maria, em Madagascar, onde todos seriam tratados de maneira igual. 

Uma república baseada na Liberdade, Igualdade e Fraternidade! François Mission antecedeu o movimento do Iluminismo, com os seus ideais de liberdade de expressão e de igualdade entre os homens!
Mission usava o seu navio, uma fragata chamada “Liberty”, para saquear os navios negreiros e libertar os escravos! Na ilha todos viviam em liberdade. Era uma espécie de paraíso, onde os piratas encontravam um lugar para se esconder e se divertir. A ilha era muito bonita, haviam muitas mulheres que se entregavam facilmente e existia uma grande fraternidade entre os que lá viviam.

Dizem que, no dia em que a República de Libertália foi declarada, François Mission subiu num palanque de madeira improvisado e discursou assim para os seus companheiros:
Aqui começa hoje a República de Libertália! Nós nos dedicaremos à difusão da liberdade, do amor, da tolerância, da liberdade de fé e da proteção da humanidade, sem distinção de raça. E que a nossa fortuna seja igual à grandeza da nossa esperança!”.
Dizem que o famoso pirata inglês Thomas Tew foi escolhido para ser o comandante de uma pequena frota de navios da República de Libertália.

 Anos depois, ele teria relatado a criação desta sociedade utópica para um tal de Capitão Charles Johnson, que mais tarde escreveu um livro falando sobre estes piratas idealistas. O mais interessante foi saber que os historiadores já confirmaram que Charles Johnson era um pseudônimo usado pelo famoso escritor inglês Daniel Defoe!
Segundo historiadores, um dos piratas que buscou refúgio em Libertália foi o Capitão William Kidd, que lá esteve, em 1697, para efetuar reparos no seu navio. Porém, muitos pesquisadores afirmam que o verdadeiro nome de François Mission era Adam Baldridge, um famoso pirata inglês que chegou na Ilha de Santa Maria em 1685. Baldridge fundou vários armazéns, que comercializavam vários produtos de Madagascar, e também construiu uma fortaleza numa colina, onde ele tinha um harém com várias mulheres. Sua vida também daria um livro muito interessante!

Contudo, esta sociedade utópica acabou sendo invadida pelos nativos malgaxes. Alguns piratas morreram nesta luta, como o padre Carraccioli, mas outros conseguiram escapar, na fragata Liberty, partindo para a América, onde teriam naufragado no litoral brasileiro, depois de uma tempestade. As lendas falam que alguns dos tripulantes se salvaram, e ainda tentaram difundir os seus ideais de liberdade pela região da costa brasileira.

Mas, o que realmente é verdadeiro é que esta história pode ter servido de inspiração para, 24 anos depois, o famoso escritor Daniel Defoe, usando o pseudônimo de Capitão Charles Johnson, escrever um livro chamado “História geral dos roubos e assassinatos dos mais notáveis piratas”, onde ele comenta a criação da República de Libertália! Recentemente, outro escritor que reviveu o tema foi o jornalista francês Daniel Vaxelaire, com o seu livro “Os revoltosos de Libertália”.

Se Libertália existiu ou não, ainda não sabemos realmente, mas dizem que o livro de cabeceira de alguns dos maiores defensores do iluminismo, e de outros que proclamaram a independência dos Estados Unidos, tais como Voltaire, Franklin e Lafayette, foi o livro escrito pelo Capitão Charles Johnson! Este livro pode ter inspirado também, mais tarde, alguns dos ideólogos do anarquismo libertário. 

Ao lado vemos uma fotografia atual da Baia de Diego Suarez e dos lugares onde tinha sido montada a República de Libertália pelos piratas do Oceano Índico.
Acredito que uma das formas mais apropriadas do ser humano se organizar socialmente, e tentar interagir mais racionalmente com a Natureza, seria a vida em pequenas comunidades ecológicas, parcialmente auto-suficientes, devidamente organizadas e integradas dentro de uma rede de comunidades capazes de produzir a maioria dos produtos que as pessoas precisam. Estas comunidades ficariam parcialmente livres da dependência da Sociedade de Consumo Tradicional, teriam os seus próprios líderes, e até uma religião exclusiva!
Dentro das comunidades ecológicas e libertárias as pessoas podem viver mais felizes, se ajudando, se respeitando e respeitando a natureza também. Mas, este é um sonho nem sempre fácil de ser alcançado pela humanidade! Finalizando, gostaria de repetir novamente aqui as sábias palavras do pirata francês François Mission, da República de Libertália, quando subiu no palanque para falar com os seus companheiros:
“Que a nossa fortuna seja igual à grandeza da nossa esperança!”





quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Povos que estiveram na América antes de Colombo



Povos que estiveram na América antes de Colombo:

Muitos historiadores antigos, gregos e romanos, já descreviam alguns povos que viviam além das “Colunas de Hércules”. As colunas de Hércules eram as terras do estreito de Gibraltar, que separam o Mar Mediterrâneo do Oceano Atlântico. Alguns destes povos já eram bem conhecidos naquela época, como os normandos e os celtas, que habitavam a região das Ilhas Britânicas, ou Ilhas Cassiterites, como eram mais conhecidas naquele tempo. Os vikings viviam mais ao norte, na Dinamarca, Escandinávia e na Islândia. Todavia já existiam especulações sobre outros povos que viviam no meio do Oceano Atlântico e eram moradores de uma suposta terra conhecida como Atlântida, e que muito provavelmente era a América.

Os fenícios costumavam viajar também pelo Oceano Atlântico e fundaram colônias no litoral noroeste da África, como a cidade de Tânger, localizada no Marrocos, além do Estreito de Gibraltar. Os fenícios eram um povo mais antigo do que os gregos e os romanos, viviam do comércio e visitavam muitas regiões distantes, durante a Antiguidade, em busca de mercadorias raras e exóticas. Neste mapa acima podemos ver as regiões dominadas pelos fenícios e as regiões dominadas pelos gregos, ao longo do litoral do Mar Mediterrâneo.


O problema da civilização fenícia é que algumas de suas colônias mantinham uma antiga e terrível tradição de realizar sacrifícios de crianças, de até 12 anos, em honra ao deus Moloch, como acontecia na antiga colonia fenícia de Cartago, no norte da África. Os próprios moradores fenícios sentiam orgulho de oferecer crianças pequenas e recém nascidas para serem queimadas nas fornalhas deste deus sanguinário, que era adorado por alguns dos seus habitantes. Por causa de barbaridades assim os fenícios eram vistos com ódio e desconfiança por muitos povos da antiguidade como, por exemplo, pelos hebreus.
Naquela época também já existiam as caravanas de mercadores que cruzavam o Deserto do Saara para ir buscar, nos países que ficavam junto ao Oceano Atlântico, (tais como o Marrocos, o Senegal e a Nigéria), artigos como ouro, escravos, marfim, pedras preciosas, sal, peles, madeiras raras, ovos de avestruz e animais exóticos.
Os fenícios de Cartago contratavam caravanas de moradores do Deserto do Saara, como os Garamantes, para irem buscar mercadorias existentes do outro lado do Continente Africano! Estas caravanas tinham que enfrentar bandidos e outros povos que assaltavam e praticavam a pilhagem no meio do Deserto do Saara, como os tuaregues.
        Alguns estudiosos defendem a ideia de que, antes dos navegadores portugueses e espanhóis terem estado aqui na América, outros povos antigos já teriam conhecimento destas terras e teriam inclusive comercializado com as antigas civilizações americanas, que lhes forneciam os artigos que procuravam, tais como ouro, estanho, pedras preciosas, peles, especiarias e outros produtos, difíceis de serem encontrados na Europa. Pode ser que algum dos antigos reinos, existentes na África, ou na Ásia, tivessem o costume de viajar, de vez em quando, para a América, em busca destes produtos raros.

Sabemos, com certeza, que os vikings e os polinésios, que eram excelentes navegadores, estiveram nas terras da América bem antes de Colombo ter pisado em solo americano. Os polinésios estiveram na Ilha da Páscoa e muito provavelmente no sul do Chile. Já os vikings, comprovadamente estiveram no Canadá, onde fundaram algumas colônias, por volta do ano 1000 d.C. Os escandinavos chamavam estas terras de Vinland, ou terra das vinhas! 
      Mas, os vikings não foram muito bem recebidos pelos nativos indígenas e algumas colonias vikings do Canadá foram exterminadas. Mas, pode ser que algumas colônias conseguiram se entender bem com os índios e fizeram até casamentos entre os dois povos. Com o tempo, estas colonias foram se misturando com os índios, mais numerosos, e foram perdendo os seus costumes e hábitos antigos.

        Em 2011 nos foi revelado que os índios Duhare, que viviam na Carolina do Sul, possuíam uma linguagem que se assemelhava muito com uma antiga linguagem gaélica da Irlanda. Os duhares possuem uma pele mais clara, são mais altos que os outros nativos indígenas, e criavam animais para retirar o leite e fazer queijos. Eles podem ser o produto da miscigenação de nativos indígenas com os vikings, ou com outras populações vindas das Ilhas Britânicas.       

Quando os espanhóis entraram em contato com os nativos duhares, em 1521, perceberam que eles eram diferentes, tinham ferramentas de metal, e que o chefe e sua esposa viviam em um castelo de pedras!

Existem também suspeitas de que uma frota com cerca de 300 navios chineses, comandada pelo almirante Zheng He, à serviço do Imperador da China, teria estado na América, 70 anos antes de Colombo! Comprovadamente Zheng He esteve viajando pelo Oceano Índico onde esteve na Índia, no Mar Vermelho e também em Moçambique, (quem sabe comprando ouro das ricas minas do Império de Monomotapa).

Os juncos chineses eram barcos bem equipados e podiam resistir bem ao mar bravio. Dizem que a frota de Zheng He era composta por cerca de 300 navios, e que ele fez a navegação em torno do globo terrestre! Alguns pesquisadores afirmam que Zheng He esteve no Brasil no ano de 1.423 aproximadamente.
A família de Zheng He era muçulmana e ele tinha como obrigação visitar Meca, antes de morrer. O que muito provavelmente conseguiu!
Muitas cidades do passado, que já existiam na América e na Ásia, antes das Grandes Navegações da Idade Moderna, eram maiores do que quase todas as capitais europeias daquele tempo, como por exemplo, a cidade asteca de Tenochtitlan. 

Segundo os historiadores, a capital asteca Tenochtitlan, antes de ser destruída por Fernando Cortez, em 1522, só era menor do que quatro cidades da Europa daquela época: Roma, Paris, Veneza e Constantinopla. Infelizmente Tenochtitlan foi rapidamente destruída pelos espanhóis e o seu povo foi espalhado pelo território mexicano.
Na verdade, os verdadeiros descobridores da América, e que a povoaram, à cerca de 15.000 anos atrás, foram os povos vindos da Ásia Central, passando pelo Estreito de Bering. Naquela época o estreito era uma imensa planície chamada Beríngia, porque o nível do mar era bem mais baixo. 

Sem dúvida os povos asiáticos usaram os seus trenós, puxados por cães, para fazer a travessia da Beríngia e ir para lugares com um clima mais ameno e com menos frio. Os esquimós e índios do Canadá tem muita semelhança física com os povos que habitam a Ásia Central, nas proximidades do Lago Baiakal.
Mas, ainda cabe aqui dar um destaque para a grande frota de navios, que uns dizem ter sido de 400 navios, e outros afirmam que foi de 2.000 barcos, organizada por um rico rei do Império do Mali chamado Abubacari II, durante a Idade Média. Abubacari abdicou do trono em prol do seu irmão Mansa Musa, que foi o homem mais rico do mundo naquela época. Mansa Musa dominava as mais ricas jazidas de ouro da África.

Historiadores dizem que Abubacari esteve no litoral de Pernambuco, na América Central e também no México. Na América Central parece que sua frota deixou alguns descententes, que se multiplicaram. No México Abubacari manteve contato com os índios olmecas, que acharam que Abubacari era um enviado dos deuses e fizeram uma grande estátua em sua homenagem.
Diante de tantas evidências, por que atribuir a Colombo a descoberta da América? Colombo já sabia que a América existia, e esteve aqui apenas para tomar posse, para os reis da Espanha, e para a cristandade, de uma terra que já era conhecida pelos navegadores da antiguidade. Navegadores estes que não tinham nenhum interesse em fazer propaganda daquelas terras, que eles já conheciam!
Mas, as documentações que comprovam estas versões históricas estão aparecendo, aos poucos, conforme avançam as pesquisas dos historiadores. Brevemente teremos mais novidades a respeito!