A terrível explosão
do Vulcão de Thera:
Segundo
afirmam alguns geólogos, a explosão na antiga Ilha de Thera, no Mar
Mediterrâneo, ou a Erupção Minóica do Mar Egeu, foi a mais forte explosão que já aconteceu no Planeta Terra. Calcula-se que a explosão do grande vulcão que
existia na Ilha de Thera, ocorrida aproximadamente no ano de 1.645 antes de
Cristo, tenha sido quatro vezes maior do que aquela que ocorreu com o vulcão de
Krakatoa, em 1883!
A grande explosão na Ilha de Thera abalou todo o Mar Egeu |
Esta
enorme explosão criou uma grande coluna de cinzas e fuligem que afetou culturas
agrícolas até na China, na Fenícia e no Egito. Desintegrou o solo e o subsolo
da Ilha de Thera, transformando-a num arquipélago de cinco ilhas,
conhecidas hoje como Arquipélago de Santorini, (Santa Irene, em
italiano).
Sua
coluna de fumaça chegou até a estratosfera, e a onda sísmica criou várias ondas
marinhas enormes e um tsunami que atingiu mais de 100 metros de altura. O
tsunami criado pela explosão arrasou o litoral da Ilha de Creta, situado a
cerca de 110 quilômetros de distância, destruindo parte da sua frota naval e
contribuindo para a fase de decadência da Civilização Cretense.
As ondas sísmicas, a partir de Thera, chegaram até o Oriente Médio |
Também provocou
ondas enormes que invadiram o Delta do Rio Nilo e arrasaram com as culturas
egípcias daquela rica região, causando fome e revoltas populares. A rica cidade
portuária de Acrotíri, que ficava em Thera, foi totalmente destruída e a
navegação pelo Mar Egeu ficou seriamente prejudicada durante muito tempo.
Parecia que o mundo ia se acabar! Milhares de pessoas morreram, e o céu ficou
totalmente escuro durante vários dias.
Esta
terrível explosão do vulcão na Ilha de Thera não poderia mesmo ser apagada da
memória e do imaginário popular dos povos da Idade do Bronze Grego, e que
viviam nos litorais ao longo do Mar Mediterrâneo. Assim, começaram a aparecer
algumas lendas antigas que contribuíram para enriquecer a Mitologia
Grega, como a Lenda do Grande Dilúvio de Deucalião e a Lenda da Destruição da
Atlântida.
Situação
da ilha 3.600 anos depois:
A
explosão vulcânica na ilha de Thera foi tão grande que explodiu e arrancou a
parte central da ilha, mandando-a para o espaço, e formou uma imensa cratera
que foi engolida pelas águas do Mar Egeu. Ainda hoje, 3.600 anos depois,
podemos ver como ficou aquela região e as porções de terra que restaram da
ilha.
Arquipélago de Santorini e a posição atual das duas Ilhas Kameni. |
Atualmente,
o turismo tomou conta daquele arquipélago formado por duas ilhas maiores e três
pequenas ilhas, servindo como principal fonte de renda para os atuais moradores
gregos. Excursões programadas levam os turistas para conhecer a cratera do
vulcão, chamada de Nova Ilha Kammeni, e que vem crescendo cada vez mais, nos
últimos 400 anos, uma vez que a atividade geológica do vulcão ainda continua!
Grandes navios de turismo trazem pessoas de várias partes do mundo e, na borda
daquela imensa cratera, foram construídas várias casas e pousadas para
contemplação da Ilha Kammeni, situada no meio da cratera do antigo vulcão da
Ilha de Thera.
Como a
atividade do vulcão ainda não cessou, e chegou a cobrir de lava várias casas e
um pequeno porto que existia na Ilha Kammeni, o Governo da Grécia proibiu a
presença de moradores naquela ilha.
Igreja em Santorini e a Ilha de Kameni no meio da cratera. |
Atualmente, o arquipélago chama-se
Ilha de Santorini, e também possui um aeroporto para receber os turistas.
Navios e escunas levam os excursionistas para percorrer a pé, ou no lombo de
burros, a trilha que leva até a cratera ativa do vulcão que, de vez em quando,
solta lavas e colunas de fumaça.
No
litoral da Ilha Kammeni também existem fontes termais, no fundo do mar, que
aquecem a água e permitem o banho coletivo dos turistas. Existe até uma pequena
praia, na base da encosta da montanha, chamada de Praia Vermelha, por causa da
coloração das suas rochas.
Origem de
várias lendas:
As
erupções do vulcão duraram cerca de três dias, e também foram acompanhadas por
um grande terremoto e vários tremores de terra. As ondas sísmicas se espalharam
por quase toda a região do Mar Mediterrâneo, afetando os moradores dos litorais
da Anatólia, Grécia, Fenícia e Egito. Os tsunamis varreram a costa de várias
ilhas do Arquipélago das Ilhas Cíclades, situadas ao norte do Mar Egeu.
Região do Mar Egeu onde ficam as Ilhas Cíclades. |
Os
moradores destas ilhas começaram então a contar histórias interessantes
sobre estes fatos, que depois viraram lendas e foram incorporadas à
lista de histórias da Mitologia Grega. As duas lendas mais famosas dizem
respeito à Atlântida e ao Grande Dilúvio de Deucalião.
Segundo a
lenda, a Atlântida teria sido uma maravilhosa ilha onde existia uma civilização
extremamente evoluída. Muitos acham que foi o filósofo grego Platão quem
primeiro escreveu sobre a Atlântida. Na verdade, o primeiro a escrever versos
falando de Atlântida foi Sólon, famoso administrador de Atenas. Sólon ouviu
falar da lenda da Atlântida quando viajou para a cidade de Saís, no Delta do Rio
Nilo.
Saís foi
uma das cidades que mais sofreram com os tsunamis provocados pela erupção do
vulcão na Ilha de Thera, em 1.645 antes de Cristo. Um sacerdote de Saís,
chamado Thereupon, contou para Sólon a lenda da destruição de uma grande ilha, no meio do oceano, chamada Atlântida.
Concepção artística de como os antigos imaginavam a Atlântida |
Sólon resolveu então escrever alguns versos sobre esta história. Estes versos se perderam, mas a história prosseguiu e, anos mais tarde, chegou aos ouvidos de Crítias. Crítias era o tio-avô de Platão, ou um primo mais velho da sua mãe, e contou para Platão sobre os versos que Sólon tinha escrito a respeito de uma ilha misteriosa, no meio do mar, e que havia sido destruída por um grande cataclisma.
Platão ouviu
aquela história e decidiu contá-la nos seus livros “Crítias” e “Timeu”, aonde
ele narra os diálogos que teve com seu tio e outras pessoas. Foi assim que a
lenda sobre a Ilha da Atlântida chegou até os nossos dias!
Quanto à
história da arca construída por Deucalião e sua esposa Pirra, para se salvarem
do grande dilúvio, ela é contada na Mitologia Grega, e deve ter influenciado a
história bíblica da Arca de Noé.
O Dilúvio de Zeus e Poseidon influenciou a lenda da Arca de Noé. |
Zeus, o
maior de todos os deuses gregos, estava zangado com as atrocidades humanas, e
decidiu destruir a espécie humana com um grande diluvio. Para isto, teve que
pedir a ajuda do seu irmão Poseidon, o senhor dos mares, das tempestades e dos
terremotos. Poseidon era adorado na Ilha de Creta. Acontece que o titã Prometeu
não queria que seu filho Deucalião, (o mais justo dos homens), e sua esposa
Pirra, (a mais virtuosa das mulheres), morressem neste grande dilúvio. Tratou
então de aconselhá-los para que construíssem uma arca, que iria flutuar sobre
as águas.
Monte Parnaso, perto de Delfos, foi onde parou a arca de Deucalião |
Quando
Zeus inundou a Terra, apenas o cume da Montanha Parnaso, que tem 2.460 metros
de altura, ficou para fora. Segundo a Mitologia Grega, o Monte Parnaso, perto de Delfos, é uma
das residências do Deus Apolo e das suas 9 musas! Foi no Monte Parnaso que a
arca de Deucalião conseguiu abrigo. Deucalião e Pirra caminharam depois para o
Templo de Têmis, que ficava no Monte Parnaso, onde consultaram a Deusa da
Justiça sobre como deveriam proceder. Têmis lhes orientou para que jogassem
várias pedras sobre os ombros, e assim eles fizeram. As pedras que Deucalião
jogava transformavam-se em homens, e as pedras que Pirra jogava transformavam-se
em mulheres. Assim, a Terra foi povoada novamente. A Mitologia fala que um dos
filhos de Pirra com Deucalião foi Heleno, o mais antigo ancestral do povo
grego.
Destruição
do litoral norte de Creta e da Foz do Rio Nilo:
A erupção
do vulcão na Ilha de Thera demorou 3 dias, antes de acontecer a grande explosão.
Durante este tempo enormes ondas foram formadas, e aconteceu um grande
terremoto, que causou um gigantesco tsunami com mais de 100 metros de altura!
Estas ondas espalharam-se pelo Mar Mediterrâneo e atingiram outras ilhas e
regiões importantes, tais como o litoral norte da Ilha de Creta e a foz do Rio
Nilo.
Os cretenses formavam um povo alegre e festivo. |
As cinzas e a fuligem, expelidas pelo vulcão, prejudicaram muito as
plantações de várias regiões, provocando fome e revoltas populares!
A Civilização
Cretense, também conhecida como Civilização Minoica, era formada por um povo
alegre e festivo. Sua capital ficava na cidade de Cnossos, onde suas mulheres gostavam
de exibir os seus seios nus e os palácios eram ricamente ornamentados.
Mulheres cretenses dentro do Palácio Real do Rei Minas, em Cnossos. |
Os navios cretenses transportavam artigos por quase todo o Mediterrâneo e chegava até a
Sicília e o Egito. Eles transportavam produtos como o azeite, vinho, cerâmicas,
joias e tecidos. A escrita usada pelos comerciantes e eruditos minóicos, a Lineal A, infelizmente ainda não foi decifrada!
Na Ilha
de Creta, situada a cerca de 110 quilômetros de Thera, as grandes ondas começaram
a chegar cerca de 40 minutos depois das primeiras explosões! Isto causou a destruição
da frota naval e das construções situadas ao longo do litoral norte cretense. As cinzas lançadas pelo vulcão de Thera cobriram os campos, destruindo as lavouras. Muitas pessoas morreram e muitas plantações foram destruídas, contribuindo
assim para o enfraquecimento da economia e do poderio naval minoico.
Príncipe de Cnossos retratado num afresco |
Creta
estava passando por um período de decadência, e Thera era uma das suas principais
colônias! Os anos foram passando, mas Creta não conseguiu mais recuperar o seu antigo
apogeu, ficando cada vez mais fraca, o que facilitou a sua invasão pelos povos
aqueus, vindos do norte e do continente grego, por volta de 1450 antes de Cristo.
Os povos
aqueus formavam uma aristocracia de guerreiros experientes, cuja capital ficava
na cidade de Micenas. Outras importantes cidades da civilização micênica eram
Tirinto, Pilos e Argos. Depois da destruição de Creta, e da sua capital Cnossos,
durante a Idade do Bronze Grego, a cidade de Micenas transformou-se na mais
importante da Grécia, por um período de mais de 300 anos.
As grandes
ondas também atingiram o Egito, e os litorais da Fenícia e da Anatólia. No Vale
do Rio Nilo, as ondas chegaram com menos intensidade do que em Creta, mas
apresentavam uma grande altura, com cerca de 20 metros, que foi suficiente para
invadir o vale e destruir casas e plantações. As cinzas cobriram os campos e
destruíram a água usada nas lavouras. Isto causou fome e a revolta da população,
o que contribuiu para o enfraquecimento do poder do faraó da décima quinta
dinastia egípcia.
Plantações na Planície do Delta do Rio Nilo foram atingidas pelo tsunami |
Com os
acontecimentos causados pelos tsunamis, que destruíram o Delta do Nilo, os
hicsos aproveitaram para tomar o poder e implantar a sua dinastia, que durou
quase 200 anos, e ficou conhecida como a décima sexta dinastia do Egito! Sua
capital foi implantada na cidade de Aváris, no lado leste do Delta do Rio Nilo.
Continuação
da atividade eruptiva do vulcão de Santorini:
Ocorrida
por volta de 1.645 antes de Cristo, a Erupção de Thera, ou Explosão Minóica, no
Mar Egeu, foi a mais forte explosão já vista na Terra! Gerou maremotos,
tremores de terra, terremotos e um forte tsunami que varreu o litoral de várias
das ilhas do Arquipélago das Ilhas Cyclades e chegou até o litoral do Egito.
A erupção, que durou 3 dias, também derramou muita lava, provocou muitas nuvens de cinzas e fuligem que destruíram plantações na Europa, no Oriente e até na China! A cidade de Acrotíri, capital de Thera, e o seu próspero porto, também foram imediatamente destruídos e soterrados pelas lavas e cinzas do vulcão. A explosão da boca do vulcão provocou a destruição de quase toda a Ilha de Thera, deixando apenas uma grande cratera e algumas pequenas ilhas, que hoje formam o arquipélago de Santorini. Com o passar dos anos, apareceram duas pequenas ilhas, no meio da cratera formada por aquela terrível explosão.
Estas duas ilhas são o resultado da
atividade eruptiva e do derrame de lava do vulcão, que ainda está ativo! Elas se
chamam Velha Kameni e Nova Kameni, e recebem a visita de centenas de turistas
todos os meses.
A erupção, que durou 3 dias, também derramou muita lava, provocou muitas nuvens de cinzas e fuligem que destruíram plantações na Europa, no Oriente e até na China! A cidade de Acrotíri, capital de Thera, e o seu próspero porto, também foram imediatamente destruídos e soterrados pelas lavas e cinzas do vulcão. A explosão da boca do vulcão provocou a destruição de quase toda a Ilha de Thera, deixando apenas uma grande cratera e algumas pequenas ilhas, que hoje formam o arquipélago de Santorini. Com o passar dos anos, apareceram duas pequenas ilhas, no meio da cratera formada por aquela terrível explosão.
Vista aérea da Ilha de Nova Kameni, em Santorini |
Segundo
afirmam alguns geólogos, antes desta terrível explosão, já haviam ocorrido 12
importantes fases eruptivas na Ilha de Thera. Entretanto, nos últimos 400 anos,
a ilha Nova Kameni foi ficando cada vez maior. Durante o século XIX, entre 1866
e 1870, Santorini apresentou erupções de lava consideráveis que destruíram as
casas de um pequeno porto construído na Ilha de Nova Kameni, onde fica a boca
do vulcão.
Os turista caminham pelas trilhas que levam até a cratera do vulcão de Nova Kameni, em Santorini, na Grécia. |
Em agosto
de 1925 o vulcão voltou a ficar ativo e, durante 6 meses, houve derramamento de
lava, formação de gêiseres e vapores, e também uma grande coluna de fumaça, com
3,5 quilômetros de altura. Isto levou o Governo da Grécia a proibir a presença
de pessoas naquela ilha durante a noite. Várias erupções e derrames de lava também
ocorreram no final da década de 30.
Nos dias
de hoje, apesar do vulcão estar mais inativo, ele pode acordar a qualquer
momento para iniciar um novo ciclo de erupções, motivo pelo qual as autoridades
estão instalando sismógrafos e diversos aparelhos que medem o seu comportamento,
a fim de providenciar uma possível retirada da população da Ilha de Santorini.
Aparelho registrando os sismos da cratera de Santorini |
Atividade
turística em Santorini:
Enquanto
uma nova tragédia não acontece em Santorini, os turistas vão aproveitando para
conhecer melhor a ilha que está se formando no interior daquela grande cratera.
No norte da Ilha de Nova Kameni existem fontes de águas termais, que brotam do
fundo do mar e formam as águas quentes, propiciando o banho coletivo. Este
local, onde a água do mar é mais escura, é chamado de “Águas Vermelhas”.
Banho coletivo dos turistas nas águas quentes de Nova Kameni. |
Os barcos
e escunas trazem os turistas, que ficam hospedados em Santorini, para conhecer
a cratera do vulcão e ver de perto a atividade que ainda existe no seu
interior. Excursões são planejadas antecipadamente e já existem até cavalos e
mulas esperando para levar os turistas através das trilhas daquela ilha.
Na Ilha
de Nova Kameni existe até uma pequena praia, que atrai os turistas que querem sentir
a sensação de estar tomando Sol no local da maior explosão vulcânica que já aconteceu no nosso planeta.
Casas e pousadas da Ilha de Santorini, na Grécia. |
As
pousadas e hotéis situados em Santorini dispõem de grandes comodidades,
piscinas e uma vista privilegiada da grande cratera. Pessoas de todo o mundo
procuram seus aposentos, para conhecer o que restou da antiga Ilha de Thera e
ver as ruínas de Acrotíri, os objetos e as pinturas antigas, que foram delicadamente
recuperados, e para tirar muitas fotos.
Hoje, o
local daquela terrível tragédia geológica transformou-se numa das maiores
atrações turísticas da Grécia e da Europa!
Modelo tirando fotos em Santorini, na Grécia. |