domingo, 5 de maio de 2013

A destruição da Civilização dos Tartessos


A destruição da Civilização dos Tartessos:

Na Península Ibérica, no sul da Espanha, existiam muitas jazidas de cobre, prata e ferro. No ano de 800 A.C, no vale do Rio Guadalquivir, na região litorânea do Golfo de Cádiz, perto das antigas minas de prata e cobre de Huelva, floresceu uma civilização, baseada na metalurgia destes minerais, e que fez da cidade de Tartessos a sua capital.
                           Reprodução de antigas galeras gregas daquela época
   
A cidade de Tartessos dominava a metalurgia do bronze e do ferro e tinha algumas aldeias mineradoras ao longo do Rio Guadalquivir. Os caminhos usados pelos tartessos, para o transporte dos minérios usados na sua indústria, parecem levar às jazidas existentes atualmente na Serra Morena, onde hoje uma gigantesca companhia de mineração, com capitais ingleses e australianos, domina aquela região e atrapalha os trabalhos de escavação das antigas ruínas da civilização dos Tartessos.
Antigos documentos nos falam dos reis que governaram aquela civilização: um foi Norax, que fundou a cidade de Nora, na Sardenha. Outro rei foi Argantonio, que fez alianças comerciais com os gregos, o que acabou ocasionando uma guerra contra os fenícios de Cartago. O rei Gárgoris foi que incentivou o uso da apicultura na agricultura dos tartessos.
Abaixo vemos um soldado grego                   
Os tartessos tinham sido parceiros comerciais dos fenícios durante muitas décadas, mas, querendo explorar melhor os minérios que controlavam, na Serra Morena, resolveram fazer uma aliança com os gregos. O rei Argantonio permitiu que os gregos fundassem algumas colônias, no litoral sul da Espanha, para a exploração destes minérios.
Os fenícios de Cartago, e seus aliados tartessos, controlavam a estratégica passagem através do Estreito de Gibraltar. Mas, os cartagineses começaram a desconfiar do expansionismo grego e desta aliança com os tartessos! Na verdade, os fenícios já eram inimigos dos gregos há muito tempo, e queriam impedir que eles se apoderassem de importantes ilhas do Mar Mediterrâneo, como a Sicília e a Sardenha, onde prosperavam algumas importantes colônias fenícias.
Por outro lado, os gregos queriam controlar as rotas de navegação e consolidar um grande império, ao longo do litoral do Mar Mediterrâneo, que ficou conhecido como a “Magna Grécia”. Eles ambicionavam controlar a passagem pelas famosas “Colunas de Hércules”, ou seja, pelo Estreito de Gibraltar, que dava acesso ao estanho extraído das Ilhas Cassitérides, (Ilhas Britânicas), ao ouro extraído do Senegal e também às riquezas incalculáveis de terras desconhecidas, existentes no meio do Oceano Atlântico, como as terras da América, que naquela época era conhecida como Atlântida!
Visando combater os gregos, os fenícios cartagineses se aliaram com a Liga das Cidades Etruscas, pois os etruscos tinham uma boa frota de navios pequenos que dominava o Mar Tirreno, situado nas costas da Itália. Esta aliança temporária resultou numa importante batalha naval, na costa leste da Ilha da Córsega, conhecida como Batalha de Alália. No começo desta batalha naval, estavam posicionados, de um lado os navios cartagineses e etruscos, que eram aproximadamente 120 navios. Do outro lado, estavam os navios da colônia grega de Alália, situada na Ilha da Córsega, juntamente com alguns navios da colônia grega de Massália, que atualmente é a cidade de Marselha, situada no litoral sul da Gália, (a França era conhecida naquela época como Gália).
                                     Barco comercial que os etruscos usavam naquela época.
                                                
A frota grega era constituída por apenas 60 navios mas, segundo alguns historiadores, saiu vencedora deste confronto ocorrido em 537 A.C Na verdade, não existe certeza absoluta sobre quem saiu vencedor desta importante batalha naval. Mas, depois desta batalha, e de mais algumas outras batalhas decisivas, em várias ilhas, os gregos abandonaram a cidade de Alalia e começaram a perder o interesse em manter um domínio sobre o Mediterrâneo Ocidental. Assim, entregaram as terras do litoral sul da Espanha para o domínio dos cartagineses, a Ilha da Córsega para o domínio dos etruscos, e concentraram-se apenas nas colônias que mantinham na Itália e no Mediterrâneo Oriental.
Onde ficava a cidade grega de Alália, fica hoje a cidade de Aléria, no litoral leste da Ilha da Córsega. A cidade grega de Massália, (atual Marselha), foi inimiga do expansionismo cartaginês pelo sul da Espanha, durante muitos anos! Quanto aos etruscos, eles queriam ampliar a sua talassocracia, (governo baseado no controle dos mares), no Mar Tirreno, situado na costa oeste da Itália. Quanto aos gregos... Bem, hoje em dia a Grécia é dona da maior Marinha Mercante do mundo!
Os fenícios de Cartago queriam controlar a passagem pelo Estreito de Gibraltar, as ilhas do Mediterrâneo Ocidental e o acesso às minas de cobre, prata e ferro dos tartessos. Depois da Batalha de Alalia, os cartagineses atacaram e destruíram a cidade de Tartessos, por causa da sua aliança com os gregos.
Os cartagineses usaram de uma crueldade exemplar, para que isto servisse de exemplo para as outras cidades vassalas que eles controlavam. Muitos moradores foram sacrificados vivos, na fogueira, em honra ao deus fenício Baal. A cidade foi totalmente destruída e, até hoje, ainda não foi possível determinar o local exato da antiga cidade de Tartessos, na foz do Rio Guadalquivir, embora tenham sido encontrados alguns vestígios naquela região como, por exemplo, o Tesouro do Carambolo.
A idade do ferro floresceu em Tartessos de 750 A.C. até 500 A.C, quando a cidade foi destruída. Apesar das pesquisas, ainda não foi encontrado o local exato das ruínas desta cidade, que foi uma importante civilização da antiguidade. Porém, documentos gregos e romanos antigos comprovam a sua existência. Nas escavações feitas no litoral espanhol, nas proximidades da cidade de Huelva, foram recolhidos objetos, armas e instrumentos feitos com o ferro e o bronze forjados pelos antigos tartessos!
A Civilização de Tartessos chegou a ter uma frota de navios mercantes que manteve relações comerciais com vários países do Mediterrâneo e até com as Ilhas Britânicas, (Ilhas Cassitérides). Os principais fornecedores de cobre e prata para os fenícios de Cartago eram os tartessos. Os fenícios fundaram a cidade de Cádiz, no sul da Espanha, justamente para ficar mais perto dos seus fornecedores tartessos.

Os tartessos são citados também por outros povos da antiguidade como, por exemplo, pelos hebreus, que viviam no antigo Oriente Médio. A Bíblia, livro sagrado dos hebreus, nos fala, no Terceiro Livro dos Reis, capítulo 10, versículo 22, que a frota do Rei Salomão, juntamente com a frota do Rei Hirão, da cidade fenícia de Tiro, ia por mar, a cada três anos, para Tarsis, buscar ouro, prata, marfim, macacos e faisões! Alguns historiadores acreditam que Tarsis era o Reino dos Tartessos! Outros historiadores, porém, acreditam que Tarsis ficava no litoral da África, banhado pelo Oceano Índico, provavelmente na costa da Abissínia.
  
Os fenícios de Cartago, por sua vez, foram derrotados pelos romanos na Segunda Guerra Púnica, cerca de 300 anos depois da destruição de Tartessos. O general cartaginês Aníbal Barca já estava com suas tropas perto de Roma quando Cartago foi ameaçada pelas tropas do cônsul romano Públio Cornélio Cipião, que foram guerrear na África. Aníbal resolveu voltar, para ajudar sua capital, mas foi derrotado na conhecida batalha de Zama, em 203 A.C.
     Os fenícios de Cartago usaram elefantes para invadir a Europa e o Império Romano

A partir da derrota de Cartago, a cultura e o controle naval dos fenícios começaram a desaparecer da região do Mar Mediterrâneo. Roma assumiu o controle das principais rotas de navegação pelo Mediterrâneo, que passou a ser acertadamente chamado pelos romanos de “Lago Romano”, ou “Mare Nostro”!
Roma tinha um grande poder militar e também dominou os gregos, assimilando a sua cultura, que era bem mais adiantada que a romana, naquela época. Assim, Roma passou a ser o único grande império dominante que sobrou, na Antiguidade, controlando todos os outros povos da região do Mar Mediterrâneo.